O Estado de S. Paulo

Supremo vai discutir de novo prisão em segunda instância

Marco Aurélio diz que vai analisar em plenário mérito do cumpriment­o de sentença antes de esgotados os recursos

- Rafael Moraes Moura Beatriz Bulla / BRASÍLIA

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ontem que pretende levar ao plenário da Corte a análise do mérito de duas ações que tratam da possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância. O Partido Ecológico Nacional (PEN) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) são autores de duas ações que pediam a concessão de medida cautelar para suspender a execução antecipada da pena antes de esgotados todos os recursos.

Em outubro do ano passado, por seis a cinco, o STF analisou as duas ações e decidiu manter a possibilid­ade de execução de penas, como prisão, depois da condenação por tribunais sem a análise das cortes superiores. Na época, o ministro Marco Aurélio – relator dos processos – ressaltou que o Supremo estava decidindo sobre a medida cautelar, e não sobre o mérito. O ministro foi um dos votos contrários à prisão após a condenação em segunda instância e foi acompanhad­o por Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowsk­i e Celso de Mello.

“O processo está na Procurador­ia, eu quero trazer a matéria (ao plenário)”, disse Marco Aurélio ontem, antes de participar da sessão plenária do STF. “Pelas sinalizaçõ­es, o score vai se inverter quanto ao segundo pedido, que é de se aguardar o julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça)”, afirmou o ministro.

Toffoli propôs no julgamento de outubro que o cumpriment­o da pena fosse feito somente após o julgamento por instância superior. Segundo Toffoli, o julgamento final caberia ao STJ. “Esse voto está na corrente minoritári­a, outro colega que já se pronunciou. Se confirmar o que vocês divulgaram quanto à evolução, que para mim é evolução e não involução, vai inverter para aguardar o STJ”, disse Marco Aurélio.

Revisitar. Em maio deste ano, o ministro Gilmar Mendes defendeu a rediscussã­o do tema pelo Tribunal. Gilmar votou em outubro a favor da possibilid­ade de execução da pena após condenação em segunda instância. “Nós admitimos que se permitiria

“Pelas sinalizaçõ­es, o score vai se inverter quanto ao segundo pedido, que é de se aguardar o julgamento no STJ (Superior Tribunal de Justiça).” Marco Aurélio Mello

MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

a prisão a partir da decisão de segundo grau. Mas não dissemos que ela fosse obrigatóri­a”, disse Gilmar ao analisar um caso durante a sessão da Segunda Turma.

“O ministro Toffoli fez um avanço que eu estou a meditar se não devo também seguir, no sentido de exigir pelo menos o exauriment­o da matéria no STJ”, afirmou à época.

 ?? NELSON JR./SCO/STF ??
NELSON JR./SCO/STF

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil