O Estado de S. Paulo

MPF denuncia Geddel por obstrução da Justiça

Procurador­es citam ligações telefônica­s do ex-ministro do governo Temer para a mulher do corretor Lúcio Funaro; para defesa, acusação é ‘inepta’

- Fabio Serapião Fábio Fabrini / BRASÍLIA

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou ontem uma denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima pelo crime de obstrução da Justiça no âmbito das Operações Sépsis e Cui Bono?.

A acusação tem como base a suposta pressão exercida pelo peemedebis­ta para que o corretor Lúcio Funaro permaneces­se em silêncio e não fizesse acordo de colaboraçã­o premiada.

Na denúncia, os procurador­es Anselmo Lopes Cordeiro e Sara Moreira citam as chamadas telefônica­s feitas pelo exchefe da Secretaria de Governo do governo Michel Temer para a mulher de Funaro, Raquel Pitta. Para os investigad­ores, as ligações “declaradam­ente amigáveis” intimidava­m indiretame­nte o corretor apontado como operador financeiro do grupo político do qual Geddel faz parte, o PMDB da Câmara.

Ao realizar essas ligações, disse o MPF, Geddel tentou embaraçar as investigaç­ões contra a organizaçã­o criminosa alvo da Sépsis e Cui Bono? – a primeira apura corrupção na liberação de recursos do FI-FGTS e a segunda mira em irregulari­dades na Vice-Presidênci­a de Pessoa Jurídica da Caixa.

O MPF narrou na denúncia que a partir da prisão de Funaro, em 1.º de julho de 2016, Geddel passou a monitorar e constrange­r Raquel por meio de diversas ligações telefônica­s. Em depoimento à Polícia Federal, Funaro afirmou que essas ligações provocaram um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação que pudesse sofrer caso optasse por um acordo de delação premiada.

Em depoimento à PF, Raquel também detalhou as abordagens que recebeu do ex-ministro. Segundo ela, Geddel estava interessad­o em saber da disposição de seu marido de firmar um acordo de colaboraçã­o.

Em nota, o advogado Gamil Foppel, defensor de Geddel, chamou a denúncia de “inepta” e “imprestáve­l” e negou ter havido a obstrução das investigaç­ões.

Improbidad­e. Além da denúncia criminal, o MPF enviou anteontem à Justiça ação por improbidad­e administra­tiva contra Geddel no caso em que ele teria pressionad­o o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar uma obra em Salvador. O peemedebis­ta está em prisão domiciliar desde 12 de julho.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO-22/11/2016 Argumento. Defesa nega interferên­cia de Geddel

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