MPF denuncia Geddel por obstrução da Justiça
Procuradores citam ligações telefônicas do ex-ministro do governo Temer para a mulher do corretor Lúcio Funaro; para defesa, acusação é ‘inepta’
O Ministério Público Federal (MPF) apresentou ontem uma denúncia contra o ex-ministro Geddel Vieira Lima pelo crime de obstrução da Justiça no âmbito das Operações Sépsis e Cui Bono?.
A acusação tem como base a suposta pressão exercida pelo peemedebista para que o corretor Lúcio Funaro permanecesse em silêncio e não fizesse acordo de colaboração premiada.
Na denúncia, os procuradores Anselmo Lopes Cordeiro e Sara Moreira citam as chamadas telefônicas feitas pelo exchefe da Secretaria de Governo do governo Michel Temer para a mulher de Funaro, Raquel Pitta. Para os investigadores, as ligações “declaradamente amigáveis” intimidavam indiretamente o corretor apontado como operador financeiro do grupo político do qual Geddel faz parte, o PMDB da Câmara.
Ao realizar essas ligações, disse o MPF, Geddel tentou embaraçar as investigações contra a organização criminosa alvo da Sépsis e Cui Bono? – a primeira apura corrupção na liberação de recursos do FI-FGTS e a segunda mira em irregularidades na Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa.
O MPF narrou na denúncia que a partir da prisão de Funaro, em 1.º de julho de 2016, Geddel passou a monitorar e constranger Raquel por meio de diversas ligações telefônicas. Em depoimento à Polícia Federal, Funaro afirmou que essas ligações provocaram um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação que pudesse sofrer caso optasse por um acordo de delação premiada.
Em depoimento à PF, Raquel também detalhou as abordagens que recebeu do ex-ministro. Segundo ela, Geddel estava interessado em saber da disposição de seu marido de firmar um acordo de colaboração.
Em nota, o advogado Gamil Foppel, defensor de Geddel, chamou a denúncia de “inepta” e “imprestável” e negou ter havido a obstrução das investigações.
Improbidade. Além da denúncia criminal, o MPF enviou anteontem à Justiça ação por improbidade administrativa contra Geddel no caso em que ele teria pressionado o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero para liberar uma obra em Salvador. O peemedebista está em prisão domiciliar desde 12 de julho.