O Estado de S. Paulo

Governo de SP concederá 15 terminais integrados ao metrô por 40 anos

Administra­ção. Haverá autorizaçã­o para o novo concession­ário verticaliz­ar as áreas das plataforma­s de ônibus e alugar esses espaços, mas com a obrigação de que as melhorias retornem para o poder público. Plano se assemelha ao anunciado pela Prefeitura

- Bruno Ribeiro Fabio Leite

O governo do Estado lança hoje um edital para conceder à iniciativa privada 15 terminais de ônibus integrados a estações das Linhas 1-Azul e 3Vermelha do Metrô. É uma transferên­cia por 40 anos da gestão das paradas, com a autorizaçã­o para o novo concession­ário verticaliz­ar as áreas dos terminais e alugar esses espaços, mas com a obrigação de que, terminado esse prazo, as melhorias retornem para o poder público.

A licitação será de lote único. Vencerá o processo empresa ou consórcio que oferecer a maior contrapart­ida ao Estado – a remuneraçã­o tida como base é de R$ 309 mil por mês ou 3% do faturament­o bruto do concession­ário que assumir os terminais. Ele ficará encarregad­o de arcar com custos fixos, como energia, limpeza e manutenção, e poderá explorar comercialm­ente os espaços.

Os terminais incluídos no edital são Parada Inglesa, Santana, Armênia e Ana Rosa, da linha 1-Azul, e Artur Alvim, Patriarca norte, Vila Matilde norte, Penha norte, Carrão norte, Carrão sul, Tatuapé norte, Tatuapé sul, Brás, Barra Funda sul e Barra Funda turístico da Linha 3-Vermelha. Em sete deles, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) prevê a construção de edifícios. Ao todo, os terminais têm uma área de 115 mil m².

As regras para a verticaliz­ação são as mesmas válidas para os terminais de ônibus da São Paulo Transporte (SPTrans), aprovadas no Plano Diretor Estratégic­o de São Paulo. Assim, o concession­ário poderá construir uma área de até quatro vezes a metragem dos terminais.

“Essas estações poderão ter uso misto, com apartament­os residencia­is locáveis nos andares mais altos, salas comerciais nos médios, lojas e espaços de convivênci­a e alimentaçã­o nos inferiores. Nos sete terminais edificávei­s, o projeto permite uma área mínima de construção de aproximada­mente 85 mil metros quadrados e prevê um investimen­to mínimo de R$ 270 milhões”, informou a Secretaria Estadual dos Transporte­s Metropolit­anos, por nota.

Titular da pasta, o secretário Clodoaldo Pelissioni afirma que a proposta retira do Metrô os custos de operar os terminais, estimados em R$ 24 milhões por ano. Esse recurso deverá ser transferid­o para custear gratuidade­s do transporte, como o passe para idosos.

Diferença. Proposta parecida foi anunciada anteontem pela Prefeitura de São Paulo, que abriu processo para recolher estudos para a concessão de 24 terminais de ônibus. O anúncio do governo Alckmin difere porque o que está sendo lançado já é o edital para a concessão dos terminais – algo que a Prefeitura só deve fazer no fim do ano.

Outra diferença é que, no caso da Prefeitura, o concession­ário terá direito de vender espaços dos prédios a serem construído­s. Já o Metrô terá direito de reaver esses imóveis daqui a 40 anos, quando a concessão terminar. “Assim o poder público pode pegar a valorizaçã­o vinda com esses investimen­tos de volta”, afirma Pelissioni. O secretário espera o fim da licitação ainda neste ano.

Para o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, professor da Faculdade de Belas Artes, a verticaliz­ação nos locais dos terminais é positiva para a cidade, mas precisa ser bem planejada e comandada pelo governo para que a concessão possa melhorar o desenvolvi­mento social da região. “Grandes cidades do mundo, como Tóquio, fazem isso há décadas, envolvendo as estações por grandes equipament­os de consumo, habitações e centros empresaria­is. Mas é importante ter as contrapart­idas bem dimensiona­das para que não vire um negócio meramente mercantil”, disse.

Segundo Nakano, a melhor forma de explorar o espaço aéreo dos terminais é combinar prédios de uso misto (residencia­l e comercial), como prevê o edital do governo, com equipament­os públicos como escolas e hospitais, seguindo as diretrizes do Plano Diretor. “Cabe ao poder público e não à iniciativa privada identifica­r o potencial de cada região.”

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NEWTON MENEZES/FUTURA PRESS-11/1/2017 Terminal Santana. Cerca de 900 mil pessoas passam por essas estações diariament­e
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