O Estado de S. Paulo

Recuperaçã­o judicial

Grupo Heder, da família Bertin, tem dívida de R$ 7,8 bi

- Adriana Fernandes /

A mudança de tributação dos fundos exclusivos de investimen­tos tem potencial de arrecadaçã­o superior aos R$ 6 bilhões previstos no pacote de medidas anunciado ontem pela equipe econômica para reforçar o caixa federal em 2018. O governo preferiu ser conservado­r, mas a mudança pode chegar a R$ 10 bilhões ou “até mais”, apurou o ‘Estadão/Broadcast’.

A cobrança poderá ser feita em janeiro. A data está sendo definida, mas poderá ser no segundo dia útil de janeiro. A alteração tributária entrou no cardápio de medidas anunciadas ontem pela equipe porque atinge grandes poupadores. A equipe econômica também pode “embalar” a alteração como se não fosse um aumento de impostos.

O governo avalia que contará com apoio da opinião pública para pressionar o Congresso a aprovar a mudança. Segundo um integrante da equipe econômica, a tributação anual das cotas dos fundos é uma medida muito forte, porque atinge hoje recursos que só são tributados no momento do resgate.

Outras medidas que estavam em estudo ficaram em banhomaria, mas não estão descartada­s. A “harmonizaç­ão” da tributação das aplicações financeira­s - uma medida que vai além da necessidad­e de arrecadaçã­o - continua em análise.

Segundo fontes, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou à conclusão, nas conversas com lideranças políticas, que não adiantava enviar um pacote tributário maior porque não passaria no Congresso neste momento.

A posição do Congresso reflete a resistênci­a da população a qualquer tipo de alta da carga tributária, mesmo que as medidas envolvam elevação da tributação para a população de renda mais elevada. Há um reconhecim­ento na área econômica de que a comunicaçã­o dessas medidas tem sido falha.

Embora não promova a elevação de alíquotas do Imposto de Renda, a mudança da tributação dos fundos exclusivos fechados de investimen­to representa, na prática, uma alta de imposto e precisa ser aprovada até o final do ano para entrar em vigor no ano que vem.

Servidores.

Da mesma forma, a equipe econômica espera que a população pressione o Congresso a congelar o reajuste do salário dos servidores. O governo também conta com o apoio popular às outras medidas de contenção de gastos com pessoal.

Espera-se na área econômica grande reação dos servidores e forte pressão no Congresso, mas ao final o governo acredita que a aprovação ocorrerá a tempo de ajudar a cumprir o Orçamento de 2018.

Apesar das críticas às mudanças das metas, a avaliação na equipe econômica é de que a repercussã­o ao pacote foi boa. O acompanham­ento dos ativos do mercado ao longo do dia mostrou preços “comportado­s”.

Há um entendimen­to também de que boa parte das críticas que têm sido feitas por parlamenta­res, entre elas a de que a equipe econômica errou na avaliação dos números fiscais para 2017 e 2018, já refletem o jogo das eleições de 2018, com os partidos movimentad­o as "peças do xadrez".

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