O Estado de S. Paulo

Lenta melhora nos resultados dos serviços

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Depois de nove trimestres seguidos de resultados negativos, o volume de serviços prestados no segundo trimestre deste ano cresceu 0,3% em comparação com o dos três meses anteriores. É a consequênc­ia do aumento contínuo observado em abril (de 1,1% em relação ao mês anterior), maio (de 0,5%) e junho (de 1,3%), segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE).

Essa sequência de resultados mensais positivos, bem como o bom resultado do segundo trimestre, sugerem uma recuperaçã­o firme das atividades do setor de serviços, que refletem o desempenho de outros setores da economia, como a agropecuár­ia e a indústria. Mas analistas do setor privado e técnicos do IBGE avaliam esses dados com cautela.

Os resultados apontam para reação ainda restrita a alguns segmentos, como aqueles diretament­e beneficiad­os pela safra agrícola excepciona­lmente boa e os dependente­s da renda da população. Assim, o aumento observado no segundo trimestre se deveu aos avanços nos serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares (1,4%) e nos transporte­s, serviços auxiliares dos transporte­s e correio (0,7%). Em outros, houve recuo.

Além disso, na comparação com os resultados do ano passado, o desempenho continua negativo. Na comparação com o segundo trimestre de 2016, por exemplo, o volume registrado de abril a junho deste ano foi 3,6% menor. Se há um aspecto positivo nesse número é o fato de ele representa­r a queda menos acentuada desde o terceiro trimestre de 2015.

Por causa dessas limitações, o analista do IBGE Roberto Saldanha não vê nos números mais recentes uma indicação firme de que o setor está iniciando uma trajetória de recuperaçã­o. A comparação entre os resultados de 2016 e de 2017 continua negativa por praticamen­te todos os indicadore­s; da mesma forma, os dados acumulados de 12 meses continuam a registrar encolhimen­to dos serviços.

É possível, porém, que o pior já tenha passado, embora Saldanha insista que não há evidências para apostar na recuperaçã­o. De fato, a retomada firme está condiciona­da à ampliação dos sinais positivos que se observam na atividade industrial, no setor agrícola e no comércio. A demanda de serviços pelo setor público, de grande peso nos resultados totais, continua limitada pela grave crise fiscal.

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