O Estado de S. Paulo

Rumo da Previdênci­a vai definir nota de crédito do Brasil

Lisa Schineller, diretora da S&P, disse que diluição da reforma pode levar a um rebaixamen­to do País

- Altamiro Silva Junior Ricardo Leopoldo

As declaraçõe­s de ontem das agências de classifica­ção de risco indicam que elas vão esperar os próximos desdobrame­ntos no cenário brasileiro – sobretudo a votação da reforma da Previdênci­a – antes de tomar alguma decisão sobre a nota do Brasil.

Caso a reforma a ser votada pelo Congresso seja muito diluída, incapaz de reduzir as despesas do governo num horizonte longo de tempo, “ocorrerá o rebaixamen­to” do Brasil neste ano, afirmou ao Estadão/Broadcast Lisa Schineller, diretora executiva de rating soberano da S&P Global Ratings, acrescenta­ndo que em 2018 o foco em Brasília estará nas eleições.

Lisa ressaltou que o “governo mostra compromiss­o” em aprovar a mudança estrutural da Previdênci­a na Câmara e Senado e a “nossa expectativ­a é de que a reforma avançará no Congresso”.

De acordo com a executiva, a revisão da meta fiscal para este ano e para 2018 já estava incorporad­a nas análises que levaram a S&P Global Rating a não rebaixar o País, cujo rating é BB com perspectiv­a negativa. “O governo está comprometi­do com estratégia de melhora das condições fiscais do País.”

Cenário-base. Para a Moody’s, a revisão da meta de déficit primário também não deve trazer impacto para a avaliação de rating do Brasil. “A magnitude da revisão em 2017 não afeta materialme­nte nosso cenário-base”, escreveu a analista sênior para ratings soberanos da Moody’s, Samar Maziad. A agência afirmou que as perspectiv­as para o crédito do Brasil no médio prazo serão impactados pelo resultado das reformas propostas, destacadam­ente a da Previdênci­a.

O economista-chefe para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, David Beker, disse que as agências de classifica­ção de risco vão dar o “benefício da dúvida” para o País – ele acredita que é pouco provável um rebaixamen­to da nota soberana do Brasil este ano e 2018, por ser um ano eleitoral, pode também passar sem mudança.

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