Rumo da Previdência vai definir nota de crédito do Brasil
Lisa Schineller, diretora da S&P, disse que diluição da reforma pode levar a um rebaixamento do País
As declarações de ontem das agências de classificação de risco indicam que elas vão esperar os próximos desdobramentos no cenário brasileiro – sobretudo a votação da reforma da Previdência – antes de tomar alguma decisão sobre a nota do Brasil.
Caso a reforma a ser votada pelo Congresso seja muito diluída, incapaz de reduzir as despesas do governo num horizonte longo de tempo, “ocorrerá o rebaixamento” do Brasil neste ano, afirmou ao Estadão/Broadcast Lisa Schineller, diretora executiva de rating soberano da S&P Global Ratings, acrescentando que em 2018 o foco em Brasília estará nas eleições.
Lisa ressaltou que o “governo mostra compromisso” em aprovar a mudança estrutural da Previdência na Câmara e Senado e a “nossa expectativa é de que a reforma avançará no Congresso”.
De acordo com a executiva, a revisão da meta fiscal para este ano e para 2018 já estava incorporada nas análises que levaram a S&P Global Rating a não rebaixar o País, cujo rating é BB com perspectiva negativa. “O governo está comprometido com estratégia de melhora das condições fiscais do País.”
Cenário-base. Para a Moody’s, a revisão da meta de déficit primário também não deve trazer impacto para a avaliação de rating do Brasil. “A magnitude da revisão em 2017 não afeta materialmente nosso cenário-base”, escreveu a analista sênior para ratings soberanos da Moody’s, Samar Maziad. A agência afirmou que as perspectivas para o crédito do Brasil no médio prazo serão impactados pelo resultado das reformas propostas, destacadamente a da Previdência.
O economista-chefe para o Brasil do Bank of America Merrill Lynch, David Beker, disse que as agências de classificação de risco vão dar o “benefício da dúvida” para o País – ele acredita que é pouco provável um rebaixamento da nota soberana do Brasil este ano e 2018, por ser um ano eleitoral, pode também passar sem mudança.