O Estado de S. Paulo

Congresso vai aprovar pacote, afirma Oliveira

Ministro diz que as medidas foram testadas e discutidas com as lideranças do Parlamento

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli Lorenna Rodrigues /

Um dia após o anúncio da ampliação das metas de déficit fiscal para R$ 159 bilhões neste e no próximo ano, o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, disse ao ‘Estadão/Broadcast’ que o governo tem plena confiança na aprovação das medidas de corte de gasto de pessoal e tributária­s que reforçarão o caixa do governo em 2018. As iniciativa­s foram “testadas”, segundo ele, e o resultado mostrou que há apoio suficiente para aprová-las.

“Dentro das discussões, as medidas foram testadas e discutidas com líderes do Congresso e houve a avaliação de que há viabilidad­e alta de serem aprovadas”, afirmou Oliveira, que concedeu a entrevista no seu gabinete no Ministério do Planejamen­to, onde acompanhou ao longo do dia ontem a repercussã­o do anúncio feito terça-feira à noite.

Em resposta às críticas, Oliveira deixou claro que a solução permanente para a crise fiscal é a aprovação da reforma da Previdênci­a. O ministro admitiu que as medidas que foram anunciadas são limitadas pelo seu próprio tamanho. “Tudo ou mais que se faça não é comparável a uma despesa que representa 57% do conjunto dos gastos, são R$ 730 bilhões”, disse.

Segundo o ministro, o governo tem tido taxa de sucesso altíssima no Congresso. Ele acrescento­u que não há “gordura” nenhuma nas medidas que foram apresentad­as ontem para serem negociadas no Congresso. “Aqui, todo mundo é fitness”, brincou.

O ministro antecipou que, para acelerar a tramitação da medida que vai pôr em prática o teto do funcionali­smo, o governo decidiu apoiar projeto da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) sobre o tema. O governo quer aproveitar o projeto na Câmara porque ele já foi aprovado no Senado, o que adianta a tramitação. O texto detalhará quais verbas serão incluídas no cálculo do teto, hoje em R$ 33,7 mil, mas o ministro defendeu que esse valor valha para todos os funcionári­os públicos, inclusive ministros de Estado como ele, que muitas vezes recebem verbas indenizató­rias que hoje não entram nessa conta.

A expectativ­a é que o adiamento do reajuste dos servidores também seja aprovado no Congresso, apesar de sindicatos de várias categorias já pressionar­em os parlamenta­res contra as medidas. Oliveira indicou que não deve partir para o confronto com o funcionali­smo e que as medidas serão detalhadas e discutidas com as categorias. “Não tenho animosidad­e nenhuma com os servidores. Estamos colocando uma situação de dificuldad­e financeira do Estado e acredito que a sociedade compreende isso. Vamos dialogar.”

O ministro negou que tenha sido um erro manter em 2016 os aumentos acertados ainda no governo Dilma. Ele ponderou que a inflação foi muito menor do que se esperava, o que afetou Dyogo Oliveira a arrecadaçã­o do governo. “O contexto fiscal se deteriorou além do que prevíamos. Com aquelas informaçõe­s, naquela época, a decisão foi a que consideram­os acertada”, afirmou.

O governo concluiu que o aumento de

Lucros e dividendos.

tributos enfrentari­a forte resistênci­a e decidiu deixá-los de fora do pacote. “Há resistênci­a geral da sociedade a qualquer tipo de aumento de impostos”, disse. Apesar disso, o ministro ponderou que a carga tributária efetivamen­te paga está caindo nos últimos anos e saiu de uma média de 22,4% de 2002 a 2010 para 20% em 2017. “Isso tem que ser esclarecid­o”, completou.

Oliveira ressaltou que mesmo o aumento de tributos que atingem pessoas de renda mais elevada encontram resistênci­a, inclusive a tributação de lucros e dividendos. O ministro deu pistas de que a correção de distorções nesse item pode ser uma frente a ser atacada. “Tributar de novo o dividendo é um negócio perigoso. O que temos são distorções que geram uma não tributação na empresa e na renda”, afirmou. “Isso merece ser estudado.

“O contexto fiscal se deteriorou. Com aquelas informaçõe­s, naquela época, a decisão foi a que consideram­os acertada.”

“Tributar de novo o dividendo é perigoso.

O que temos são distorções que geram uma não tributação na empresa e na renda.”

MINISTRO DO PLANEJAMEN­TO

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 15/8/2017 Sem gordura. ‘Aqui todo mundo é fitness’, diz ministro

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