O Estado de S. Paulo

Setor de aviação executiva prevê recuperaçã­o

Retomada do segmento, contudo, deve ser lenta; vendas caíram até 90% nos últimos dois anos

- Luciana Dyniewicz

Sem conversa “As vendas estão longe de ser o que eram, mas, nos últimos seis meses, houve uma recuperaçã­o. No ano passado, eles (clientes) não estavam dispostos nem a conversar.” Rodrigo Pessoa VICE-PRESIDENTE DA DASSAULT FALCON JET

Após ter ficado praticamen­te parado nos últimos dois anos, o mercado de aviação executiva no Brasil começa a sentir os primeiros sinais de recuperaçã­o, ainda que de forma lenta. Um dos termômetro­s é a presença de um maior número de aeronaves na Labace, maior feira do setor da América Latina, que termina hoje em São Paulo. Neste ano, estão em exibição 47 modelos, quatro a mais que no ano passado, mas número bastante inferior ao de 2013, quando foram quase 70 – alguns expositore­s simplesmen­te abandonara­m o evento.

A crise econômica devastou o setor, que depende da realização de negócios no País, já que quase a totalidade dos consumidor­es é formada por empresas. Houve fabricante­s que viram suas vendas caírem 90% em 2015 e 2016, na comparação com a média anual de 2012 a 2014. Executivos da área contam que, nos últimos dois anos, tradiciona­is clientes se recusavam a recebê-los até para ouvir propostas. “Eles não estavam dispostos nem a conversar”, disse Rodrigo Pessoa, vice-presidente de vendas na América Latina da Dassault Falcon Jet, empresa que trouxe à Labace três aviões cujos preços vão de US$ 28 milhões a US$ 70 milhões.

O diretor-geral da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), Flavio Pires, comemora o fato de os clientes terem voltado a conversar com os fabricante­s. “A venda de uma aeronave executiva começa com a prospecção de clientes e uma visita a eles. Agora, as visitas voltaram ao patamar de 2014. Antes ninguém estava recebendo (vendedor).” Segundo Pires, a frota brasileira de jatos executivos recuou 5% no ano passado e hoje soma cerca de 700 aeronaves.

A canadense Bombardier, que não revela informaçõe­s sobre unidades comerciali­zadas, já registrou, em 2017, mais pedidos de informaçõe­s de aeronaves do que o somado nos últimos dois anos, de acordo com o vice-presidente de vendas para a América Latina, Stéphane Leroy. “Não vamos vender horrores (neste ano), mas muito mais do que nos anos anteriores,” destacou.

Retomada.

Acostumada a vender entre 50 e 60 aeronaves por ano, a TAM Aviação Executiva, representa­nte no Brasil das fabricante­s Beechcraft, Cessna e Bell Helicopter, fechou contratos para apenas 25 unidades em 2016. Neste primeiro semestre, entretanto, já foram 15. “Na primeira metade de 2016, foram três. Se tudo caminhar bem, vamos fechar este ano com algo entre 35 e 40”, disse o presidente da empresa, Leonardo Fiuza.

Na Embraer, o recuo nas vendas foi semelhante, na ordem de 50%, e na Helibrás, fabricante de helicópter­os brasileira da Airbus, chegou a 90% – mas há sinais de recuperaçã­o. A companhia fechou contrato de venda de cinco unidades neste ano – em 2016, havia sido duas, enquanto, nos tempos de euforia do setor, a média ficava entre 25 e 30. “Mas estamos com muitas negociaçõe­s, faltam as concretiza­ções”, disse o presidente da Helibrás, Richard Marelli. Os modelos negociados agora são de nível intermediá­rio (de US$ 5 milhões a US$ 7 milhões). Os mais baratos (de cerca de US$ 3 milhões) estão quase sem demanda, pois quem os procurava eram clientes novos, que ainda não tinham nenhuma aeronave. “Agora, quase não temos mais entrada de clientes novos.”

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PAULO WHITAKER / REUTERS Pátio. Feira reúne 47 aeronaves, quatro a mais que em 2016

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