O Estado de S. Paulo

No lugar de cortar, vale racionaliz­ar

Sem recursos, tanto o sistema público quanto o privado têm de repensar processos, segundo os especialis­tas

- DOUGLAS GAVRAS /

Ainda que os investimen­tos públicos e privados sejam fundamenta­is para a expansão dos cuidados médicos no País, é preciso repensar processos para que os hospitais consigam fazer mais com recursos cada vez mais limitados, disseram os palestrant­es convidados pelo Summit. O setor público, que historicam­ente carece de recursos, viu os aportes nos hospitais se comprimire­m com os cortes de orçamento. O sistema privado também sente o baque do aumento do desemprego e do orçamento mais apertado dos brasileiro­s. “O que se propõe hoje, para que essa equação feche, não é um corte de custos. O que se busca é uma maneira de usar melhor os recursos”, disse Ana Maria Malik, da GV Saúde.

Os especialis­tas também constatam que o perfil do paciente mudou muito nos últimos anos – ele hoje é mais atento e bem informado. “No cotidiano dos hospitais, sejam públicos ou privados, há um entendimen­to cada vez maior de que os diagnóstic­os devem ser abrangente­s e trazer transparên­cia aos pacientes, com o objetivo de racionaliz­ar a visita ao médico”, avaliou Antonio Antonietto, do Hospital Sírio Libanês. “Nossos sistemas precisam criar plataforma­s para que o usuário compare prestadore­s e evite consultas desnecessá­rias”, afirmou Marcia Regina Makdisse, do Albert Einstein.

Para Fabrício Campolina, da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde, o caminho passa ainda por evitar o desperdíci­o para garantir o atendiment­o. “Temos tecnologia, falta mais cuidado na maneira como empregamos esses recursos.”

Por fim, Orestes Pullin, da Unimed Brasil, lembrou que o País gastou em saúde US$ 1.300 por pessoa em 2014, enquanto a Inglaterra destinou US$ 3.300 por cidadão. “O setor privado tenta resolver uma questão da Constituiç­ão de 1988, que criou benefícios importante­s de saúde, mas em uma economia que não dá conta dessa obrigação.”

A saúde tem de ser pensada em rede, em casa, no trabalho, em políticas simples de como se evitar doenças”

Ana Maria Malik

GV SAÚDE “Saímos do século dos cirurgiões e entramos no século da saúde. O paciente pede transparên­cia nos diagnóstic­os, vê a informação como um direito”

Antonio Antonietto

HOSPITAL

SÍRIO-LIBANÊS “Educar o paciente evita desperdíci­o de tempo e de recursos. ”

Marcia Makdisse

ALBERT EINSTEIN “É preciso racionaliz­ar os poucos recursos que temos”

Orestes Pullin

UNIMED BRASIL “Temos tecnologia, falta mais cuidado com recursos”

Fabrício Campolina

ABIMED

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Diagnóstic­o. Antonietto, Ana, Campolina, Marcia e Pullin avaliaram que economia atual não dá conta dos direitos constituci­onais
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