No lugar de cortar, vale racionalizar
Sem recursos, tanto o sistema público quanto o privado têm de repensar processos, segundo os especialistas
Ainda que os investimentos públicos e privados sejam fundamentais para a expansão dos cuidados médicos no País, é preciso repensar processos para que os hospitais consigam fazer mais com recursos cada vez mais limitados, disseram os palestrantes convidados pelo Summit. O setor público, que historicamente carece de recursos, viu os aportes nos hospitais se comprimirem com os cortes de orçamento. O sistema privado também sente o baque do aumento do desemprego e do orçamento mais apertado dos brasileiros. “O que se propõe hoje, para que essa equação feche, não é um corte de custos. O que se busca é uma maneira de usar melhor os recursos”, disse Ana Maria Malik, da GV Saúde.
Os especialistas também constatam que o perfil do paciente mudou muito nos últimos anos – ele hoje é mais atento e bem informado. “No cotidiano dos hospitais, sejam públicos ou privados, há um entendimento cada vez maior de que os diagnósticos devem ser abrangentes e trazer transparência aos pacientes, com o objetivo de racionalizar a visita ao médico”, avaliou Antonio Antonietto, do Hospital Sírio Libanês. “Nossos sistemas precisam criar plataformas para que o usuário compare prestadores e evite consultas desnecessárias”, afirmou Marcia Regina Makdisse, do Albert Einstein.
Para Fabrício Campolina, da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde, o caminho passa ainda por evitar o desperdício para garantir o atendimento. “Temos tecnologia, falta mais cuidado na maneira como empregamos esses recursos.”
Por fim, Orestes Pullin, da Unimed Brasil, lembrou que o País gastou em saúde US$ 1.300 por pessoa em 2014, enquanto a Inglaterra destinou US$ 3.300 por cidadão. “O setor privado tenta resolver uma questão da Constituição de 1988, que criou benefícios importantes de saúde, mas em uma economia que não dá conta dessa obrigação.”
A saúde tem de ser pensada em rede, em casa, no trabalho, em políticas simples de como se evitar doenças”
Ana Maria Malik
GV SAÚDE “Saímos do século dos cirurgiões e entramos no século da saúde. O paciente pede transparência nos diagnósticos, vê a informação como um direito”
Antonio Antonietto
HOSPITAL
SÍRIO-LIBANÊS “Educar o paciente evita desperdício de tempo e de recursos. ”
Marcia Makdisse
ALBERT EINSTEIN “É preciso racionalizar os poucos recursos que temos”
Orestes Pullin
UNIMED BRASIL “Temos tecnologia, falta mais cuidado com recursos”
Fabrício Campolina
ABIMED