40% dos pacientes atendidos em SP são de fora do Estado
Rede realiza hoje metade dos transplantes de órgãos do País e um terço das tomografias e ressonâncias magnéticas
A expertise de hospitais públicos de São Paulo no atendimento a casos mais complexos tem atraído cada vez mais pacientes de fora do Estado em busca de tratamento especializado. Segundo a Secretaria da Saúde, 40% dos atendimentos de média e alta complexidade feitos em unidades do SUS paulista beneficiam doentes que não vivem no Estado.
Apenas no ano passado, houve 565 mil atendimentos a doentes que moram fora, dos quais 542 mil foram procedimentos ambulatoriais, como consultas e exames, e 23 mil foram internações hospitalares. Embora concentre um quarto da população brasileira, o Estado de São Paulo realiza hoje metade dos transplantes de órgãos do País e um terço de todos os exames de ressonância magnética e tomografia da rede pública brasileira.
De acordo com o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, os transplantes e as cirurgias cardíacas são os procedimentos mais buscados por pacientes de fora. “É natural que os pacientes venham para onde há serviços mais bem estruturados. Para realizar um procedimento desse tipo, são necessárias equipes profissionais muito bem formadas, UTIs apropriadas”, diz ele.
O secretário ressalta, no entanto, que o fenômeno traz custos extras aos cofres públicos paulistas. “Temos um valor teto que recebemos do Ministério da Saúde para procedimentos de média e alta complexidade e todo ano estamos estourando em R$ 550 milhões. A gente então acaba fazendo mais procedimentos do que o previsto e não recebe nada por isso. É aí que a conta não fecha”, afirma o secretário.
Morador de Porto Velho, em Rondônia, o funcionário público Raimundo Nonato da Silva, de 57 anos, foi transferido para o Hospital de Transplantes, na região central da capital paulista, para receber um fígado. “Eu tinha hepatite C em um grau avançado. Cheguei a passar mal e ficar em coma em Porto Velho, mas lá não tinha nenhum hepatologista. Se eu ficasse lá, era capaz de não estar vivo”, diz.