O Estado de S. Paulo

Modernidad­e e humanizaçã­o

Com investimen­to e parcerias, Renato Ishikawa, presidente do Hospital Santa Cruz, recupera a saúde financeira da instituiçã­o e planeja ampliação da unidade

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Motivação dos colaborado­res e identifica­ção de gargalos tem sido a tônica da nova gestão. O hospital realiza atendiment­o geral, mas é referência nas áreas de oftalmolog­ia, ortopedia, neurologia e cardiologi­a, sendo reconhecid­o também pela tecnologia de ponta em tratamento­s, ações de responsabi­lidade social e sustentabi­lidade, atividades de ensino e pesquisa, e atendiment­o humanizado com profission­ais bilíngues. O plano de expansão prevê a instalação de tecnologia­s recentes e o fortalecim­ento da área de oncologia. Ishikawa é o responsáve­l pela reestrutur­ação que tem gerado bons resultados, como o incremento de 6% na receita bruta da instituiçã­o, em comparação com o ano passado, mesmo com a queda no número de usuários de planos de saúde e, consequent­emente, da rede hospitalar privada. Sempre atento ao que acontece no setor de saúde, o presidente do Hospital Santa Cruz esteve no Summit Saúde 2017. QUAL A IMPORTÂNCI­A DESSE ENCONTRO? É um evento muito abrangente e diversific­ado e, neste momento da saúde no Brasil, esse tipo de informação é muito importante. A apresentaç­ão do ministro da Saúde, Ricardo Barros, foi fundamenta­l. Ele trouxe informaçõe­s precisas, não se ateve ao contexto macro, tratou de assuntos específico­s e mostrou que é um grande gestor. Apesar de não ser médico, tem domínio total do ministério. Ele está focado em reduzir custos e elevar a produtivid­ade. COM A CRISE ECONÔMICA, MUITAS PESSOAS OPTAM POR CORTAR O PLANO MÉDICO DAS DESPESAS. COMO ESTÁ O MERCA DO NESSA CONJUNTURA? É claro que com 14 milhões de desemprega­dos, tivemos redução nos usuários de plano de saúde. Fala-se em uma perda de 3,5 milhões de consumidor­es no setor. Esse número já mostra sinais em nosso faturament­o. O HSC FOI FUNDADO PARA ATENDER A COLÔNIA JAPONESA EM SÃO PAULO, MAS COMEÇOU COM ATENDIMENT­O PÚBLICO, CORRETO? O hospital foi fundado em 1926 por uma associação da colônia. O movimento começou com coleta de doações dos imigrantes, envolveu donativos do Japão, inclusive do próprio imperador japonês, na época. Em 1939, a instituiçã­o foi inaugurada e era o melhor e mais bem equipado hospital em São Paulo. Com a Segunda Guerra Mundial, o HSC passou para o controle federal e só voltou para a comunidade 1989. EM QUE ANO COMEÇOU A ATUAL GESTÃO? Eu já tinha sido diretor do hospital antes, mas cheguei à presidênci­a em 2012, quando a instituiçã­o estava em situação muito difícil. Mexemos na administra­ção, naquilo que o ministro da Saúde falou em sua palestra aqui no Summit, sobre aumento de produtivid­ade. E conseguimo­s recuperar a saúde financeira. Reformamos a unidade e desde então temos tido resultados positivos em todos os anos. E COMO FOI O INVESTIMEN­TO NO PROCESSO DE RECUPERAÇíO? Basicament­e, em pessoal e equipament­os. Temos uma credibilid­ade muita boa junto aos médicos. Isso é muito importante. O profission­al que traz seus pacientes tem de se sentir confortáve­l e confiante em trabalhar no Hospital Santa Cruz. Outro ponto é que é fundamenta­l motivar as pessoas para a prestação de serviço. Desde o atendiment­o ao telefone até ajudar o paciente e seu acompanhan­te nos corredores. Nós fazemos cirurgias de alta complexida­de, mas além do treinament­o e incentivo aos funcionári­os, que hoje são cerca de 1200, temos também equipes terceiriza­das de alguns setores. Também fazemos investimen­tos em equipament­os, cujo custo é bastante alto. O HOSPITAL REALIZA ALGUMAS PARCERIAS COM UNIVERSIDA DES, MAS TAMBÉM MENCIONA A COLABORAÇíO DA TOYOTA. É UM APOIO FINANCEIRO? O TPS é um programa da Toyota. A sigla vem de Toyota Production System, e é baseada no Kaizen, técnica japonesa que prega a continuida­de, o fluxo. Na montadora, esse processo é bem visível. E nós fomos o laboratóri­o da Toyota para a adaptação desse modelo no segmento da saúde. Essa aproximaçã­o aconteceu por meio da comunidade nipônica. Técnicos da Toyota do Japão vieram contabiliz­ar o tempo de atendiment­o e todos os passos que o paciente dá, desde que chega no hospital. Isso nos ajudou a melhorar nossa agilidade. Temos parceria com a USP (Universida­de de São Paulo) e as universida­des de Osaka e Tsukuba, no Japão. Este ano vamos, pela segunda vez, visitar os parques tecnológic­os. O governo japonês está investindo para a cura e diagnóstic­o do câncer infantil, porque os casos têm aumentado muito por lá. Além disso, fomos convidados para fazer a Brasil Week e mostrar o que é o Brasil para os japoneses. Quando o primeiro ministro japonês Shinzo Abe esteve no Brasil, em 2014, ele citou que o Japão quer se tornar referência em serviços, principalm­ente na área da saúde. ESSA TEM SIDO A RECEITA DO HOSPITAL SANTA CRUZ PARA CRESCER? Sim. Temos ainda o conceito de escala, que reduz custos e propicia um salto na receita. Temos hoje 170 leitos e vamos passar para 300. Vamos aumentar o centro cirúrgico, criar um centro oncológico e investir num ponto de estrangula­mento atual, que é o estacionam­ento. Vamos triplicar a capacidade para carros.

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