‘NÃO TIVE DE IR DURANTE 1 MÊS AO HOSPITAL PARA SESSÕES’
1º com tumor de cérebro a fazer radioterapia intraoperatória
Quando descobriu um câncer no cérebro em 2015, o comerciante Alexandre Serai, de 52 anos, passou por cirurgia, quimioterapia e mais de 30 sessões de radioterapia. A doença foi eliminada na época, mas um novo tumor apareceu em 2017.
Desta vez, porém, o paciente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz tinha uma tecnologia mais precisa à disposição: foi o primeiro doente com tumor de cérebro da América Latina a se submeter à radioterapia intraoperatória, técnica feita durante a cirurgia, com o paciente ainda aberto. O procedimento foi possível graças a um equipamento chamado Intrabeam, disponível em poucos hospitais brasileiros.
“Com a radioterapia convencional ou radiocirurgia, a dose de radiação é muito maior e pode danificar também áreas próximas do tumor. Com o Intrabeam, é possível direcionar a radiação de forma muito mais precisa e ainda proteger áreas próximas com uma lâmina de chumbo, já que o paciente está aberto”, explica Rodrigo Hanriot, coordenador da radioterapia do Centro de Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Outra vantagem da técnica é que a sessão feita ainda durante a cirurgia é única. “Não tive de me deslocar durante um mês inteiro para o hospital para fazer 30 sessões, como da primeira vez. Além de mais precisa, ela traz mais conforto também”, diz Serai, que se submeteu ao procedimento em março.
Sorte e azar. Nos exames de acompanhamento feitos posteriormente, a doença está controlada. “Às vezes penso que posso ter o azar de ter contraído o câncer, mas tenho a sorte de estarmos em uma fase da Medicina em que estão surgindo novos tratamentos. Antes, o câncer era quase uma sentença de morte. Hoje não é mais.”