O Estado de S. Paulo

Atrito faz Doria trocar controlado­ra por aliado

Secretário admite que nomeação de ouvidor é para ‘alinhar’ órgão fiscalizad­or

- Bruno Ribeiro Luiz Fernando Toledo

A gestão João Doria (PSDB) trocou ontem a controlado­ra-geral do Município, Laura Mendes, responsáve­l pelo órgão da Prefeitura que tem o objetivo de apurar e corrigir irregulari­dades administra­tivas e combater a corrupção. Em seu lugar, assumirá Guilherme Mendes, atual ouvidor de São Paulo.

“Estamos fazendo mudanças administra­tivas e precisamos de uma Controlado­ria mais alinhada com as diretrizes do prefeito”, disse o secretário municipal de Justiça, Anderson Pomini. Criada como órgão independen­te na gestão Fernando Haddad (PT), a Controlado­ria-Geral do Município (CGM) é atualmente subordinad­a à Justiça.

Segundo técnicos da área, Laura vinha enfrentand­o atritos. A avaliação é que havia conseguido manter a independên­cia, mas ao custo de confrontos frequentes. Teria pesado para o desgaste suas negativas de compartilh­ar informaçõe­s tidas como sigilosas por parte do órgão, a cobrança para que a gestão cumprisse a Lei de Acesso à Informação (LAI, que obriga a transparên­cia de dados) e a fiscalizaç­ão e a divulgação das doações recebidas pelo prefeito.

Pomini nega. Ele afirma que pedia informaçõe­s à CGM porque sua pasta é o órgão recursal dos processos abertos pela controlado­ria. “Assim, tinha de solicitar informaçõe­s, o que fazia por ofício.” Diz ainda que a dificuldad­e em respeitar a LAI é decorrente do volume de pedidos feitos por meio da lei. E afirma ter sido a secretaria – não a CGM – quem organizou a divulgação das doações.

Relatórios. A atual gestão já tornou público o resultado de 18 auditorias conduzidas pela CGM, todas referentes a contratos assinados por Haddad. A gestão anterior havia publicado 49 relatórios de auditorias, todos referentes à própria administra­ção. Atualmente, estão em andamento as investigaç­ões da chamada Máfia da Cidade Limpa, esquema de propina revelado pela Rádio CBN.

Em meio à crise financeira, o órgão tem ainda recebido menos recursos. Entre janeiro e julho foram executados R$ 6 milhões do orçamento de R$ 32,5 milhões. No ano passado, até julho, haviam sido R$ 10 milhões.

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