O Estado de S. Paulo

Mais espaço na Estácio

Fundo Advent compra ações de Chaim Zaher

- Cátia Luz Mônica Scaramuzzo

Em um movimento para se tornar acionista relevante e ter poder de decisão no grupo de educação Estácio, o fundo de investimen­to americano Advent informou ontem que possui agora 8,67% do capital social da companhia – a gestora começou a comprar ações da empresa nas últimas semanas. Com essa movimentaç­ão, o Advent se tornou o terceiro maior acionista do grupo, atrás dos fundos Oppenheime­r, Coronation e Fidelity.

As ações foram compradas do empresário Chaim Zaher, que antes da venda tinha fatia de 7,25% da companhia. Segundo fato relevante divulgado ontem pela Estácio, a família Zaher (que reúne também a participaç­ão da mulher de Zaher, Adriana, e do Clube de Investimen­tos TCA) possui agora 3,51% da companhia. Procurado, o empresário não quis comentar o assunto.

Desde que o Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) barrou a fusão da Estácio com a Kroton, em junho, o Advent tem aumentado sua participaç­ão na Estácio, com o objetivo de tornar a companhia a grande consolidad­ora do setor. O fundo americano já fez esse movimento com a Kroton, hoje líder de mercado. De acordo com fontes do segmento, o fundo pretende deter até 20% da

companhia e já estaria sondando a compra da participaç­ão dos outros fundos que são acionistas da Estácio. Procurado, o Advent não quis comentar.

“O sonho dourado do Advent é reproduzir na Estácio o que fez na Kroton”, diz o professor Carlos Monteiro, presidente da CM Consultori­a, especializ­ada em educação. “E esse parece um momento ideal para eles se fortalecer­em na empresa. Há espaço para uma série de ajustes para levar à melhora de produtivid­ade e à expansão.”

Assembleia. O conselho de administra­ção da Estácio convocou para dia 31 deste mês uma assembleia para propor aos acionistas uma mudança em seu estatuto. A meta é exigir que o investidor que superar 20% de participaç­ão no grupo pague um ágio de 30% pelas ações. A iniciativa quer transforma­r a companhia em uma empresa de capital pulverizad­o, sem controlado­r definido.

Essa proposta do conselho desagradou Chaim Zaher, segundo fontes. O Estado apurou que, caso seja aprovada, o empresário deverá vender o restante de suas ações e deixar a Estácio. Do contrário, se a proposta for rejeitada, Zaher poderia voltar a comprar papéis da empresa, aumentando sua participaç­ão no negócio.

Com um valor de mercado de R$ 6,8 bilhões, a Estácio é a que apresenta a menor rentabilid­ade entre as quatro companhias de educação listadas na Bolsa – Kroton, Anima e Ser Educaciona­l. Apesar de ter apresentad­o bons resultados no segundo trimestre, o grupo terá de continuar os ajustes, com corte de custos e mudanças na gestão, para se tornar mais rentável.

Esse processo deverá ocorrer ao longo deste ano e de 2018. Segundo uma fonte, o processo de ajustes pode se tornar mais desafiador daqui em diante, pois a empresa terá de voltar a fazer investimen­tos que, no plano original, estariam a cargo da nova dona, a Kroton.

Consolidaç­ão. O grupo está conversand­o com bancos para buscar ativos no mercado e voltar a crescer, após a fusão ter sido barrada pelo Cade. Outras empresas, como Kroton e Ser Educaciona­l, devem fazer o mesmo movimento. Segundo uma fonte do mercado financeiro, todos os grupos de educação estão olhando ativos.

A Advent voltou à área de educação em 2015, dois anos após ter vendido suas ações da Kroton, com a compra do Centro Universitá­rio da Serra Gaúcha, de Caxias do Sul (RS). Segundo fontes, o fundo estaria disposto a investir até R$ 900 milhões para ficar com ativos que a Kroton teria de vender se a união fosse aprovada pelo Cade. Como a fusão foi barrada, essa munição desse se voltar à compra de ações da Estácio, garantem pessoas familiariz­adas com o assunto.

Repetição “O sonho dourado do Advent é reproduzir na Estácio o que fez na Kroton. E esse parece um momento ideal para eles se fortalecer­em na empresa. Há espaço na companhia para uma série de ajustes.” Carlos Monteiro PRESIDENTE DA CM CONSULTORI­A, ESPECIALIZ­ADA EM EDUCAÇÃO

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TASSO MARCELO/ESTADÃO - 3/5/2007 Desempenho. Entre os 4 grupos de capital aberto do setor, Estácio é o menos rentável

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