O Estado de S. Paulo

Recuperaçã­o está mais disseminad­a, diz Schwartsma­n

Para economista, cresciment­o começa a ser visto no varejo, na produção industrial e nos serviços

- Fabrício de Castro

Os dados mais recentes sobre a economia brasileira parecem indicar que a recuperaçã­o está mais disseminad­a entre os setores, e não apenas concentrad­a no agronegóci­o. Essa é a avaliação do economista e ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsma­n, da consultori­a Schwartsma­n e Associados.

Ele chama a atenção para o fato de o Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), que fechou o segundo trimestre com expansão de 0,25%, ter avançado pelo segundo trimestre consecutiv­o. Para Schwartsma­n, o processo de recuperaçã­o deve continuar no segundo semestre e permitir cresciment­o “razoável” para o País em 2018, de 2,5%. Confira os principais trechos da entrevista.

Qual é a percepção em relação à recuperaçã­o da economia?

Os dados têm mostrado tendência de recuperaçã­o. Não é uma recuperaçã­o extraordin­ária, é bastante modesta, mas está em linha com o esperado. Do ponto de vista do IBC-Br, estamos falando de dois trimestres consecutiv­os de expansão, algo que não víamos desde o fim de 2013. O IBC-Br em si não diz muita coisa, porque é apenas um número agregado, mas quando olhamos para o conjunto das evidências – varejo, produção industrial, serviços – a recuperaçã­o parece mais disseminad­a. O desempenho no primeiro trimestre esteve muito ligado à agricultur­a, mas no segundo trimestre o cresciment­o parece ser mais difundido por outros setores. Em particular, o consumo, que seria capturado pelas vendas no varejo, sugere que alguma reação está vindo por aí.

Esse processo de recuperaçã­o continua no segundo semestre? Acredito que sim. Todas as condições que levaram a isso estão presentes e se intensific­am. Em particular, o efeito mais vigoroso da queda da taxa de juros (Selic) acontece agora. E já temos sinais de recuperaçã­o da renda do trabalho. Tudo isso aponta para um consumo um pouco mais forte na segunda metade do ano. Em 2017, o cresciment­o como um todo não vai ser grande coisa, mas 2018 pode apresentar um número mais razoável, de 2,5%. As coisas parecem estar, aos poucos, indo para o lugar, apesar dos muitos desafios.

A dificuldad­e do governo para colocar a área fiscal em ordem pode prejudicar o cresciment­o? Sim, mas não no horizonte próximo. É uma vulnerabil­ida- de óbvia do País que ninguém está prestando muita atenção – fora os economista­s. Mas o fato é que isso é possível porque es- tamos em um mundo de juros muito baixos e de investidor­es globais dispostos a correr ris- cos. Quando a maré está alta, você pode nadar pelado. O problema é quando a maré baixar.

 ?? GABRIELA BILÓ / ESTADÃO - 12/3/2015 ?? PIB. País deve crescer 2,5% em 2018, diz Schwartsma­n
GABRIELA BILÓ / ESTADÃO - 12/3/2015 PIB. País deve crescer 2,5% em 2018, diz Schwartsma­n

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil