País tem 26,3 milhões de pessoas subutilizadas
Apesar do índice de desemprego ter recuado no segundo trimestre, tempo de busca por uma ocupação subiu
A taxa de desemprego no País recuou no segundo trimestre, como consequência de uma melhora disseminada entre as unidades da Federação. Mas, juntando-se o número de desempregados com o de subocupados – quem trabalha menos horas do que gostaria ou quem nem procurou emprego –, ainda faltou trabalho para 26,3 milhões de brasileiros, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.
“O Brasil tem hoje 26,3 milhões de pessoas que poderiam estar trabalhando adequadamente, mas não estão. Seria a crise o motivo disso? Sim, com certeza”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A taxa de desemprego oficial passou de 13,7% no primeiro trimestre para 13,0% no segundo trimestre do ano, mas ainda há 2,924 milhões de brasileiros em busca de emprego há mais de dois anos, entre um total de 13,5 milhões de desempregados. “Se você está dentro de uma crise, as pessoas que estão desocupadas vão demorar mais a conseguir trabalho. Está aumentando cada vez mais o tempo em
que as pessoas estão demorando para encontrar emprego”, explicou Azeredo.
O porcentual de brasileiros à procura de emprego há mais de
dois anos cresceu 24,9% no segundo trimestre de 2017 ante o mesmo período de 2016. O contingente de desocupados que buscavam trabalho há pelo menos um ano ficou em 5,285 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano.
A pesquisa, porém, trouxe sinalizações positivas para o futuro. Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, houve queda na taxa de desemprego em 11 das 27 unidades da Federação, embora em dez delas a diferença não seja considerada estatisticamente relevante pelo IBGE.
No principal polo de empregos do País, o Estado de São Paulo, a taxa de desocupação recuou de 14,2% para 13,5% no período, graças à abertura de 242 mil vagas, e redução de 170 mil pessoas no total de desempregados. “Os dados trazem a confirmação de que está havendo espaço para uma melhora no mercado de trabalho. Ela é pequena, mas espalhada. Houve queda na taxa de desemprego em diversas regiões. A boa notícia é
que a nossa ideia de que o fundo do poço ficou para trás se confirmou. A má notícia é que a recuperação vai ser longa e gradual”, avaliou o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
Por outro lado, no Rio de Janeiro, a taxa de desemprego aumentou de 14,5% no primeiro trimestre para 15,6% no segundo trimestre de 2017, na contramão do total do País.