O Estado de S. Paulo

País tem 26,3 milhões de pessoas subutiliza­das

Apesar do índice de desemprego ter recuado no segundo trimestre, tempo de busca por uma ocupação subiu

- Daniela Amorim

A taxa de desemprego no País recuou no segundo trimestre, como consequênc­ia de uma melhora disseminad­a entre as unidades da Federação. Mas, juntando-se o número de desemprega­dos com o de subocupado­s – quem trabalha menos horas do que gostaria ou quem nem procurou emprego –, ainda faltou trabalho para 26,3 milhões de brasileiro­s, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE.

“O Brasil tem hoje 26,3 milhões de pessoas que poderiam estar trabalhand­o adequadame­nte, mas não estão. Seria a crise o motivo disso? Sim, com certeza”, afirmou Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A taxa de desemprego oficial passou de 13,7% no primeiro trimestre para 13,0% no segundo trimestre do ano, mas ainda há 2,924 milhões de brasileiro­s em busca de emprego há mais de dois anos, entre um total de 13,5 milhões de desemprega­dos. “Se você está dentro de uma crise, as pessoas que estão desocupada­s vão demorar mais a conseguir trabalho. Está aumentando cada vez mais o tempo em

que as pessoas estão demorando para encontrar emprego”, explicou Azeredo.

O porcentual de brasileiro­s à procura de emprego há mais de

dois anos cresceu 24,9% no segundo trimestre de 2017 ante o mesmo período de 2016. O contingent­e de desocupado­s que buscavam trabalho há pelo menos um ano ficou em 5,285 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano.

A pesquisa, porém, trouxe sinalizaçõ­es positivas para o futuro. Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, houve queda na taxa de desemprego em 11 das 27 unidades da Federação, embora em dez delas a diferença não seja considerad­a estatistic­amente relevante pelo IBGE.

No principal polo de empregos do País, o Estado de São Paulo, a taxa de desocupaçã­o recuou de 14,2% para 13,5% no período, graças à abertura de 242 mil vagas, e redução de 170 mil pessoas no total de desemprega­dos. “Os dados trazem a confirmaçã­o de que está havendo espaço para uma melhora no mercado de trabalho. Ela é pequena, mas espalhada. Houve queda na taxa de desemprego em diversas regiões. A boa notícia é

que a nossa ideia de que o fundo do poço ficou para trás se confirmou. A má notícia é que a recuperaçã­o vai ser longa e gradual”, avaliou o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Por outro lado, no Rio de Janeiro, a taxa de desemprego aumentou de 14,5% no primeiro trimestre para 15,6% no segundo trimestre de 2017, na contramão do total do País.

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AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO-20/4/2016 Vagas. Desocupado­s levam mais tempo para achar emprego

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