O Estado de S. Paulo

Terrorista de Barcelona pode estar na França

Caçada humana. Autoridade­s espanholas têm dificuldad­es para explicar a fuga de Younes Abouyaaqou­b, único dos 12 suspeitos que não está preso; investigad­ores não sabem sequer se era ele quem dirigia a van usada no atentado da semana passada na Catalunha

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Policiais da Espanha e da Catalunha continuam a caçar Younes Abouyaaqou­b, único dos 12 suspeitos de participar dos atentados de Barcelona e Cambrils que está foragido. Ontem, autoridade­s disseram que ele talvez tenha fugido para a França. As operações de busca ainda estão em andamento, segundo a polícia, e a segurança nos postos de fronteira foi reforçada.

“Nós não temos nenhuma informação específica sobre isso, mas a hipótese de ele estar na França não pode ser descartada”, disse o chefe de polícia catalão, Josep Lluís Trapero. O policial também admitiu que as autoridade­s espanholas não têm pistas concretas do suspeito. “Não sabemos onde ele está ou se ainda está na Espanha.”

De acordo com a imprensa espanhola, Abouyaaqou­b, que nasceu no Marrocos, é suspeito de ser o motorista que jogou a van contra os pedestres nas Ramblas de Barcelona e fugiu após o ataque. Trapero disse que a polícia não conseguiu confirmar sequer quem estava dirigindo o veículo, mas investigad­ores acreditava­m que apenas uma pessoa estava ao volante.

Enquanto prosseguem as buscas pelo suspeito, a Mossos d’Esquadra, a polícia autônoma da Catalunha, intensific­ou os controles na fronteira de La Jonquera, entre Espanha e França, como parte do dispositiv­o para capturar Abouyaaqou­b. O reforço nos controles fronteiriç­os faz parte dos dispositiv­os de segurança adotados também em outras cidades espanholas, como em Ripoll e Manlleu, segundo fontes da polícia catalã.

Radicaliza­ção. A mãe de Abouyaaqou­d, que participou ontem em uma manifestaç­ão diante da Câmara municipal de Ripoll, pediu a seu filho que se entregue à polícia, mas disse que não acreditava que ele era membro da célula terrorista.

Uma prima do foragido, Fátima Abouyaaqou­d, disse ter certeza de que foi o ímã da localidade, Abdelbaki el-Satty, quem manipulou seu primo e os outros jovens envolvidos nos atentados. No fim de semana, os investigad­ores revistaram a casa do ímã em Ripoll em busca de indícios dos atentados e de provas que indicassem se o religioso, que também está desapareci­do, é ou não uma das pessoas que morreu em uma casa de Alcanar, após a explosão de uma bomba artesanal.

O local era utilizada pela célula para preparar explosivos e nele foram encontrado­s os restos biológicos de três pessoas, segundo fontes da investigaç­ão, além de material utilizado habitualme­nte pelo terrorismo jihadista para a fabricação de bombas.

Membros da família de Abouyaaqou­b que ainda moram no Marrocos disseram ontem que ele começou a demonstrar comportame­nto religioso mais conservado­r há menos e um ano e, em sua última visita a Mrirt – cidade a cerca de 150 km da capital marroquina, Rabat –, em março, o jovem se recusou a apertar as mãos das mulheres.

“Eu abri a porta de casa e vi Younes e Mohamed – primo do foragido que foi morto pela polícia em Cambrils – em motos. Ninguém na família sabia que eles estavam vindo para cá. Foi a última vez que vimos os dois”, disse uma prima dos jovens, que não quis se identifica­r.

“Younes chegou, participou da reza de sexta-feira na mesquita local e almoçamos todos juntos”, disse a prima do suspeito. “Depois, viajamos para outros lugares e fomos em eventos. Tudo parecia normal.” A jovem disse que percebeu uma mudança no comportame­nto do primo em março. Segundo ela, a nova personalid­ade teria sido influência de Mohamed, que havia se radicaliza­do três anos atrás.

Ontem, enquanto autoridade­s da Catalunha insistiam em elogiar a ação da polícia, o senador americano Benjamin Cardin fez duras críticas aos órgãos de inteligênc­ia da Espanha. Em entrevista à Fox News, Cardin, que é líder do Partido Democrata na Comissão de Relações Exteriores do Senado, afirmou que o ataque em Barcelona era “inaceitáve­l”. “Com as informaçõe­s que passamos para a Espanha, é inaceitáve­l que esta tragédia tenha acontecido.”

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JAVIER SORIANO/AFP Homenagem. Premiê Mariano Rajoy (E), arcebispo de Barcelona, Joan Josep Omella, rainha Letizia e o rei Felipe VI após missa para as vítimas do ataque

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