O Estado de S. Paulo

Assembleia do Rio gasta R$ 25 milhões em reforma este ano

No total, obra vai custar R$ 152 milhões; valor seria suficiente para quitar três meses de salários dos 8.560 funcionári­os da UERJ

- Constança Rezende / RIO

Servidores estaduais do Rio de Janeiro não recebem os salários em dia há meses. A última parte dos vencimento­s de maio e junho, além de todo o mês de julho, só foram pagos na semana passada, com recursos da venda da exclusivid­ade da folha de pagamento ao Bradesco. A Universida­de do Estado do Rio (UERJ) suspendeu as aulas por falta de recursos. Os policiais militares não receberam hora extra, não há previsão para quitar o 13.º salário de 2016, e os hospitais não têm insumos básicos. Mas apenas em 2017 a Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj) já gastou R$ 25 milhões na reforma do Edifício Lucio Costa, onde será sua nova sede.

O custo total da obra é estimado em R$ 152 milhões – valor suficiente para quitar três meses de salários dos 8.560 funcionári­os ativos da UERJ. A folha consome R$ 50,6 milhões por mês, segundo dados da Secretaria Estadual da Fazenda.

A Casa também reforma sua atual sede, o Palácio Tiradentes, um prédio dos anos 20 que abrigou a Câmara dos Deputados até a mudança da capital para Brasília, em 1960, e vai virar centro cultural. Essa obra custará mais R$ 19,4 milhões.

Atualmente, além do palácio, onde fica o plenário, o Legislativ­o estadual tem o prédio anexo destinado aos gabinetes dos deputados e um edifício na Rua da Alfândega. Esse, onde ficam os departamen­tos administra­tivos da Alerj, será repassado ao governo estadual, como pagamento pelo Edifício Lucio Costa, que pertence ao Executivo.

A decisão de gastar dinheiro com a nova sede para a Alerj foi tomada em outra época. Seu padrinho foi o ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB), que, em meio às obras de reforma da zona portuária, começou a se opor ao edifício destinado aos gabinetes dos parlamenta­res, atrás do Palácio Tiradentes.

O então prefeito achava que o prédio feioso, quadrado e espelhado, de seis andares, não combinava com a nova paisagem, vislumbrad­a após a derrubada da Perimetral, um elevado que bloqueava a vista. Com fachadas de mármore e sem estilo definido, o edifício fica perto de construçõe­s antigas, como o Paço Imperial, e a poucos metros do mar.

O Edifício Lucio Costa também é conhecido como “Banerjão”. Foi erguido nos anos 60. Pertencia ao Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj), privatizad­o há duas décadas, mas ficou no patrimônio estadual. Uma equipe de engenheiro­s avaliou a construção de 22 mil metros quadrados de área utilizável, 32 andares e três subsolos. Uma reforma seria inevitável: havia problemas estruturai­s.

O gasto inicial já era alto: R$ 139,5 milhões. Pouco depois, a obra foi reajustada em R$ 8,9 milhões e passou para R$ 148,4 milhões. Além disso, teriam de ser gastos mais R$ 4,057 milhões “em assistênci­a técnica de fiscalizaç­ão das obras”, não incluídas no orçamento inicial. Isso elevaria o custo da reforma, para mais de R$ 152 milhões.

Alerj. A Assembleia informou que as obras são financiada­s com recursos do Fundo Especial do Legislativ­o, “fruto de oito anos de economias feitas pela Casa”. Questionad­a se o momento seria apropriado para reforma, a Alerj respondeu que “está com as contas em ordem, graças a ajustes feitos no início dessa legislatur­a”. Afirmou ainda que “também tem feito a sua parte para ajudar a combater a grave crise que atinge o Rio”.

 ?? FABIO MOTTA/ESTADÃO ?? Mudança. Custo total da obra para nova sede é estimado em mais de R$ 152 milhões para o Rio de Janeiro
FABIO MOTTA/ESTADÃO Mudança. Custo total da obra para nova sede é estimado em mais de R$ 152 milhões para o Rio de Janeiro

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil