FÓRUM JOVEM PAN
A quarta edição do fórum Mitos e Fatos da Jovem Pan aconteceu na última terça-feira (15) em São Paulo e teve como tema a Justiça Brasileira. Diversos especialistas se reuniram no Hotel Tivoli Mofarrej durante a manhã para discutir aspectos éticos, políticos e jurídicos do Brasil pós-Lava Jato. E o responsável pela primeira palestra do evento não poderia deixar de ser a principal figura à frente da operação, o juiz federal Sérgio Moro.
“O Judiciário brasileiro nunca teve uma tradição forte contra a corrupção. A regra geral era a impunidade. Esse quadro muda empar tecoma Ação Penal 470, o Mensalão. Foi um caso importante por envolver ex-parlamentares, dirigentes de empresas e instituições bancárias e pessoas que haviam ocupado cargos elevados na administração pública. Foi um claro precedente, a tradição de impunidade talvez estivesse chegando ao seu final. Dois anos depois foi dado início ao caso criminal que denominamos de Lava Jato. E alguns resultados dessa operação encontram poucos paralelos em nosso passado e mostram que o país está dando passos firmes nesse enfrentamento”, disse. “A corrupção sempre vai existir. Sempre vão existir seres humanos que se corrompem. Mas ela como regra do jogo e prática automática realmente deve ser enfrentada. Ela afeta a economia, diminui a produtividade e afeta a qualidade da nossa democracia. As pessoas perdem fé no sistema democrático quando veem que a trapaça é regra”, completou Moro.
Eu não quero me mudar do Brasil.
Eu quero mudar o Brasil. Cármem Lúcia, Presidente do STF no encerramento do fórum Mitos & Fatos
“Gosto muito do Brasil, confio no Brasil e não quero este país nas condições em que está. Quero mudar o Brasil, não quero me mudar do Brasil. Este Brasil precisa ser mudado. Precisa ser outro. O que está previsto na Constituição, no qual a solidariedade, a fraternidade e as liberdades sejam devidamente respeitadas, o que não vem acontecendo. Qualquer fala minha eu quero que se entenda dentro do meu profundo amor pelo Brasil. Continuo a gostar e a acreditar muito no Brasil e no cidadão brasileiro. É por isso que nós estamos aqui”.
Foi com essa declaração à pátria que a ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal, iniciou sua palestra de encerramento. Durante seu discurso, ela propôs um amplo aprofundamento nos conceitos filosóficos de ética, democracia e direito e concluiu que não há como uma sociedade sobreviver sem moralidade.
“Nãoéescolha.É ou ética ou caos. Aética é um conjunto de valores impostos a partir do que uma sociedade pensa ser justo para a convivência. Claro que os valores mudam como tem poe o espaço, masa busc apela justiçaé permanente. Desde os primórdios da civilização até hoje, ninguém nunca quis se sentir injustiçado”, afirmou. Ao liga resses conceitos ao enfrentamento da corrupção, então, a ministra disse que a essencial manutenção da ética não deve ser exclusiva dos agentes políticos ou de nenhuma outra classe específica. “Nós, servidores públicos, temos o dever constitucional, legal e moral de sermos honestos. Mas, como cidadã, também tenho esse mesmo dever na minha convivência (...).Estamos no mesmo barco. Aluta contra a corrupção é de todos. Teremos ética e democracia quando essa foral ut ad ecada um de nós juntos”, finalizou.