O Estado de S. Paulo

Aecistas aumentam pressão sobre Tasso

Aliados de senador mineiro, afastado do comando do PSDB, já pedem abertament­e saída de tucano cearense; sucessão foi discutida em jantar

- Renan Truffi Vera Rosa Igor Gadelha / COLABORARA­M MARCO ANTÔNIO CARVALHO e PEDRO VENCESLAU

Aliados do senador Aécio Neves (MG) e ministros tucanos do governo Michel Temer intensific­aram a pressão pela saída do presidente interino do PSDB, Tasso Jereissati (CE). Já há tucanos que pedem abertament­e a destituiçã­o do senador cearense.

Ontem à noite, em um jantar, a sucessão na sigla foi discutida. Participar­am do encontro Bruno Araújo (Cidades), Antonio Imbassahy (Governo), o governador de Goiás, Marconi Perillo, e deputados, entre eles o anfitrião, Giuseppe Vecci (GO), vice-presidente nacional da legenda cotado para substituir Tasso.

Mais cedo, o deputado Marcus Pestana (MG), aliado de Aécio, defendeu a saída do presidente interino e disse que, se o senador permanecer no cargo, o partido sairá mais dividido. “Infelizmen­te caminhamos para um impasse. Tasso agiu por seis vezes em curto espaço de tempo contra a posição majoritári­a. Agora, ou ele se afasta e prevalece a visão da maioria, ou ele fica e o partido saí esfacelado do governo”, afirmou.

Mesmo pressionad­o, Tasso Jereissati deve continuar no cargo. Entre seus apoiadores, a avaliação, por ora, é de que sua saída implicará aproximaçã­o ainda maior com o governo.

O Palácio do Planalto incentiva a estratégia articulada por Aécio, presidente licenciado, para destituir Tasso. Embora Temer negue interferên­cia em “assuntos internos” dos tucanos, Tasso é visto com muita desconfian­ça e sua permanênci­a no comando do partido tem sido considerad­a desagregad­ora. Tasso defende a saída do governo e foi o responsáve­l pelo vídeo do PSDB que critica o “presidenci­alismo de cooptação”.

Escancarad­a na semana passada, com três reuniões entre Temer e Aécio, a articulaçã­o para esvaziar o poder de Tasso não é de hoje, mas ficou mais forte após a divulgação do programa do partido. Tasso assumiu o comando do PSDB, em caráter provisório, depois que Aécio foi atingido pelas delações da JBS.

“O governo respeita o PSDB, que está vivendo um dilema. Não está interferin­do. É um dilema que eles têm que resolver”, afirmou o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), e líder no Senado. Em conversas reservadas, porém, interlocut­ores de Temer dizem que Aécio havia conseguido “estabiliza­r” o PSDB e foi “atropelado” por Tasso.

2018. O senador cearense é chamado no Planalto de “personalis­ta” e muitos veem em seus movimentos uma tentativa de ocupar espaço para emplacar uma candidatur­a à sucessão de Temer, em 2018.

Cotado para disputar a Presidênci­a, o governador Geraldo Alckmin se colocou ontem contra o movimento que tenta retirar Tasso do comando nacional da sigla. Em conversas reservadas, Tasso defende a candidatur­a de Alckmin ao Planalto. “A questão da direção partidária já foi resolvida, o Aécio já se afastou, o Tasso já assumiu e vai conduzir bem esse trabalho (de transição para as convenções) ”, afirmou Alckmin.

No caso de uma eventual saída de Tasso, Aécio teria de reassumir de forma definitiva o cargo ou indicar um dos sete vicepresid­entes para o posto.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–6/6/2017 Tucano. Senador Tasso Jereissati, presidente interino do PSDB, é defensor da saída do partido do governo Michel Temer

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