O Estado de S. Paulo

PIB teve queda de 0,24% no segundo trimestre, aponta FGV

Construção prejudicou os resultados da indústria no período, mas saque do FGTS inativo ajudou a impulsiona­r consumo

- Daniela Amorim /

Apesar dos sinais positivos mostrados por alguns segmentos, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou 0,24% no segundo trimestre em relação ao primeiro trimestre do ano, de acordo com os dados do Monitor do PIB divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Eu diria que é um falso negativo. Tivemos um primeiro trimestre muito bom, excepciona­l (alta de 0,99%), sabíamos que o resultado não se repetiria. Mas ainda está melhor do que no último trimestre de 2016, quando recuou 0,51% em relação ao trimestre anterior”, lembrou Claudio Considera, coordenado­r do Monitor do PIB/FGV.

O indicador da FGV antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologi­a empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE), responsáve­l pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.

FGTS inativo.

Na comparação com o segundo trimestre do ano passado, o PIB do segundo trimestre teve retração de 0,3%. A liberação do saque de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) tirou do vermelho o consumo das famílias.

A recuperaçã­o da atividade econômica, porém, foi prejudicad­a pelo mau desempenho da construção, que atrapalhou tanto os resultados da indústria quanto dos investimen­tos.

A indústria teve uma queda de 1,8% em relação ao segundo trimestre de 2016, puxada pelo tombo de 7,4% da atividade de construção. Sob a ótica da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimen­tos no PIB) recuou 5,1%.

O desempenho do componente de máquinas e equipament­os continua positivo (0,4%), mas a construção teve forte redução, -9,0%, um impacto de -4,6 pontos porcentuai­s para a taxa trimestral da FBCF.

“As grandes empreiteir­as estão paradas. Tem de dar um jeito de elas voltarem a operar, mas não tem do outro lado quem queira contratar. Os governos não estão com dinheiro para construir. A saída é investir nas concessões e privatizaç­ões. Não tem como fugir”, avaliou Considera.

O destaque positivo no segundo trimestre foi o consumo das famílias, que cresceu 0,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2016.

Consumo.

O avanço interrompe uma sequência de nove trimestres negativos consecutiv­os. O consumo de serviços manteve-se negativo (-1,0%), enquanto cresceu o consumo de bens não duráveis (0,5%), semiduráve­is (7,3%) e bens duráveis (3,8%), impulsiona­do pelos saques no FGTS.

“As famílias pagaram as dívidas e puderam abrir um novo crediário”, calculou Considera. “Mas eu não acho que o consumo das famílias vá fazer a economia deslanchar. Daí é que vem o nosso problema, que é o investimen­to”, completou o pesquisado­r.

As exportaçõe­s cresceram 3,2% no segundo trimestre em comparação ao mesmo período de 2016, enquanto as importaçõe­s diminuíram 1,8%. O PIB acumulado no primeiro semestre de 2017 alcançou cerca de R$ 3,21 trilhões em valores correntes.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO - 31/7/ 2017 Alento. Consumo das famílias saiu do vermelho com FGTS

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