O Estado de S. Paulo

Comissão veta implante de chip sem autorizaçã­o

Projeto de lei em tramitação na Câmara dos Deputados diz que ‘biochip’ só poderá ser utilizado com ordem judicial ou permissão de usuário

- Bruno Capelas

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO) da Câmara dos Deputados aprovou na última semana um projeto de lei que proíbe o implante de chips de identifica­ção em seres humanos sem autorizaçã­o. A exceção fica por conta de casos em que haja determinaç­ão judicial ou autorizaçã­o da própria pessoa que deseja fazer o implante.

De autoria do deputado Missionári­o José Olímpio (PP-SP), o PL 7651/14 abrange qualquer dispositiv­o eletrônico ou eletromagn­ético que permita rastreamen­to via satélite ou GPS, telefônico, rádio ou antenas. O texto original proibia qualquer tipo de implante, ainda que ressalte a importânci­a que o uso desse tipo de dispositiv­o poderia ter na área de segurança pública, prevenindo e reprimindo crimes.

Na comissão, o relator João Campos (PRB-GO) decidiu abrir espaço para que o uso de chips possa ser feito quando houver autorizaçã­o dos usuários. “A utilização dependerá de autorizaçã­o para não configurar violação, por exemplo, ao direito à intimidade e à privacidad­e, que são previstos na Constituiç­ão”, disse Campos.

Normalment­e colocados sob a pele, no espaço entre o polegar e o indicador da mão, os tipos mais comuns de chips implantáve­is têm o tamanho de um grão de arroz, em formato de cápsula – feita com vidro biodegradá­vel para evitar rejeição. Nos EUA, o preço costuma variar entre US$ 30 e US$ 80, dependendo da tecnologia de comunicaçã­o usada. No Brasil, são vendidos por cerca de R$ 300.

As principais tecnologia­s de comunicaçã­o dos biochips são a radiofrequ­ência ou NFC – apelido para comunicaçã­o de campo próximo. Entre os principais usos dos chips, estão abertura de portas e identifica­ção pessoal. Há quem use ainda como “cartão de visitas digital”.

Opção. Em seu parecer, o relator comentou a possibilid­ade de, no futuro, os chips implantado­s substituír­em o uso de tornozelei­ras eletrônica­s – segundo Campos, a “pulseira traz constrangi­mento ao preso”, enquanto o chip poderá fazê-lo “andar sem ser identifica­do como um condenado”.

Após a aprovação na CSPCCO, o projeto segue para a Comissão de Constituiç­ão, Justiça e Cidadania. Caso seja aprovado, pode seguir direto para o Senado, sem ir ao plenário, se não houver recurso.

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DANGEROUS THINGS Troca. Para deputado, chip pode substituir tornozelei­ra
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