O Estado de S. Paulo

‘Só ando em boa companhia’

- ROBERTA MARTINELLI E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

Tim Bernardes, cantor, músico e compositor com três discos lançados com sua banda O Terno se prepara para lançar sua carreira solo. Quando anunciamos algo assim, é importante que, em primeiro lugar, você saiba que a banda continua e vai muito bem, mas uma nova aba se abre no desktop. Sorte a nossa. Tim é um dos grandes compositor­es da nossa geração, em suas músicas consigo encontrar aquele que eu fui, o que eu sou e o que serei, um olhar distanciad­o sobre si mesmo, que nos aproxima demais de sua canção. Vem um discão por aí. A história do disco solo começa antes do segundo disco da banda O Terno. “Compus uma leva de músicas maiores e guardei no baú, umas entraram no terceiro disco da banda, Melhor do Que Parece, mas tinha uma coleção de músicas que tinham sentido juntas e não cabiam na banda”, conta Tim. “Elas eram mais calmas e eu já fazia a ordem delas na cabeça. Achei que agora era um boa hora para lançar solo, aproveitei e fui para o estúdio. Não contei para ninguém.”

Em segredo, sozinho no estúdio, Tim preparou tudo. “Maluco ficar sozinho no estúdio, em coisas banais como na pausa pro café, que não tem ninguém para conversar e no processo todo: na gravação, você faz algo e não gosta, quer trocar tudo e isso nem é verbalizad­o, você vai lá e muda tudo muito rápido. Na hora de escolher a ordem das músicas no disco, você não tem que batalhar para que seja da maneira que você prefere. E quando não tem que discutir e argumentar, você acaba ficando em dúvida se é isso mesmo.”

“Quando eu acabei o disco, fiquei com medo de não conseguir compor e fiz uma leva para a banda O Terno, está pronto já”, me conta Tim e logo se corrige: “Ai! Já tô falando da banda, é para falar sobre a carreira solo”.

Voltando à carreira solo, então, ele só mostrou o disco para outras pessoas depois da mixagem. “Mostrei primeiro para a minha irmã, Manu, ela é mais positiva, depois para o Biel e Peixe (seus dois parceiros de banda).” Eu pergunto: “E para o seu pai?”. Tim é filho do Maurício Pereira, grande compositor (juro que não vou usar o filho de peixe...). Ele diz: “Eu demoro um pouquinho para mostrar para ele, opinião de pai tem um peso”. Pergunto se ele gostou. “Eu não ouso perguntar, mas soube que sim.”

Eu ousei perguntar. Liguei para o Maurício e resumo aqui a conversa sensível que tive com um pai/artista que reconhece e admira o filho/artista. “Eu fico tímido de ouvir na frente dele e de dar opinião, mas eu fico orgulhoso pacas, eu vejo como ele lida com a parte criativa, ele é guerreiro, ele busca, é muito intenso e isso aparece na canção. O que ele sonha, ele realiza quando possível, tem conhecimen­to técnico e coragem.”

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BIEL BASILE Tim Bernardes. Solo
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