Belém ganha traço ousado
À beira do Rio Tejo, o Maat propõe debates sobre o presente e o futuro, em exposições e no próprio design do prédio do museu. Depois, reserve tempo para o clima ‘cool’ do LX Factory
Foi com uma “exposição-manifesto”, na definição da curadoria, que o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (Maat) inaugurou em março seu prédio mais novo. A construção branca, mais baixa que tudo ao redor e cujo formato lembra uma onda, exibiu a mostra Utopia/Distopia, uma reflexão sobre a atualidade com subtemas como as cidades do futuro.
A Lisboa do futuro que o Maat propõe é feita para ser vista e tocada. Tem mirante no forro e, na entrada, escada que desce até as águas do rio. Neste calorão de agosto, foi refrescante sentar ali e tirar os sapatos para mergulhar os pés no Tejo.
A exposição Utopia/Distopia terminou ontem, mas outra obra questionadora está em cartaz até 18 de setembro. Na instalação Eu Nunca Tinha Sido Surrealista Até o Dia de Hoje, o artista cubano Carlos Garaicoa explora as relações reais e imaginárias entre homem e urbanismo.
No outro prédio, este do começo do século 20, que abrigava o antigo Museu da Eletricidade, o português João Onofre usa tecnologia para brincar com a luz nos espaços urbanos, aproveitando a antiga sala das caldeiras – que estão lá, expostas.
Terminada a visita ao Maat, talvez seja o caso de curtir o fim da tarde no vizinho SUD. O empreendimento, aberto em julho, tem restaurante e uma piscina no terraço com vista para a Ponte 25 de Abril, um cartãopostal lisboeta. O acesso custa ¤ 35 por pessoa: sudlisboa.com.
Belém, bairro onde está o Maat, é endereço de pontos turísticos clássicos: Torre de Belém, Padrão dos Descobrimentos, Mosteiro dos Jerônimos, a confeitaria que faz pastéis de nata desde 1837. E tem um atrativo que os turistas deixam passar: no verão, até 8 de setembro, o ótimo Centro Cultural do Belém (ccb.pt) apresenta música e cinema no jardim, gratuitamente.
Do Belém, fui a pé (1,3 quilômetro; a alternativa é pegar o elétrico 15) até o LX Factory (lxfactory.com), em Alcântara. As paredes grafitadas entregam o clima geral das lojas, restaurantes, ateliês e um hostel instalados nos galpões do século 19, que foram uma tecelagem e hoje formam um dos endereços mais descolados de Lisboa.
Meu objetivo ali era comprar presentes na loja Bairro Arte (bairroarte.com) e fazer uma tatuagem no estúdio Queen of Hearts, que havia sido recomendado. Mas, sem agendamento prévio, não consegui meus rabiscos na pele. Faça o seu: bit.ly/queentattoo.
Dizem que os hambúrgueres da Burger Factory estão entre os melhores da cidade, e foi num deles que me joguei para compensar a frustração. Com batata frita e cerveja, gastei ¤ 11,50. Difícil não sair feliz.
Rabiscos.