O Estado de S. Paulo

Grupos de Pimentel e Aécio tentam evitar venda de usinas

- / LEONARDO AUGUSTO, ESPECIAL PARA O ESTADO / COLABORARA­M RENAN TRUFFI, CAIO JUNQUEIRA, IGOR GADELHA, VERA ROSA e CARLA ARAÚJO

A promessa de leilão de usinas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) colocou no mesmo lado do front, ao menos por enquanto, as duas principais forças políticas do Estado – grupos que, nos últimos 15 anos, fizeram uso político da estatal.

O governador Fernando Pimentel (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) se posicionar­am contra a privatizaç­ão. Pimentel reuniu aliados, assinou carta aberta em defesa da empresa, participou de atos nas usinas que podem ir a leilão e ainda criou uma campanha publicitár­ia: "Mexeu com Minas, mexeu comigo". Já Aécio se reuniu com o presidente Michel Temer para evitar a concessão das usinas hidrelétri­cas.

À frente do governo de Minas desde 2003, tucanos e petistas sempre utilizaram a Cemig para acomodação de aliados políticos e até parentes. Entre 2003 e 2009, o pai de Aécio Neves, Aécio Ferreira da Cunha, integrou o Conselho de Administra­ção da estatal. Aécio Cunha morreu em 2010.

A assessoria do senador tucano afirmou, em nota, que “a boa gestão e os resultados da empresa durante o governo Aécio Neves (em Minas Gerais) são de amplo reconhecim­ento de especialis­tas e de gestores do setor de energia público e privado”.

A Cemig possui cerca de 127 mil acionistas e mantém operações em 22 Estados e no Distrito Federal. A empresa possui 12 milhões de consumidor­es em 805 municípios. não definiu o modelo que adotará para privatizar a Eletrobrás, mas já sabe que dependerá do Congresso para aprovar uma mudança de regime das usinas hidrelétri­cas que renovaram suas concessões na era petista. O objetivo é permitir que as empresas voltem a vender energia a preços de mercado. A proposta ainda está em fase de consulta pública e deve resultar na edição de uma medida provisória. Reservadam­ente, um ministro do círculo próximo a Temer admitiu que haverá problemas na base porque “ninguém quer mexer no seu”.

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que o governo não conversou com o Parlamento sobre o pacote. “Não sei avaliar se passa, porque não foi discutido com o Congresso. Tem que ver para onde vai o dinheiro, se é para investimen­to ou só para tapar buraco”, afirmou. “Entendo que aquilo que a iniciativa privada pode cuidar melhor do que a pública deve ser privatizad­o. E se alguém for contra porque tem cargo numa estatal não merece estar na política”, disse Eunício.

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