O Estado de S. Paulo

Não é apenas mais um tijolo no muro

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Para cumprir a promessa de erguer o muro na fronteira com o México, o presidente Donald Trump ameaçou paralisar o governo caso o Congresso não aprove a verba necessária – estimada em US$ 12 bilhões na campanha, em US$ 21,6 bilhões pelo Departamen­to de Segurança Interna e em até US$ 40 bilhões pela MIT Technology Review.

Até agora, a Câmara só destinou US$ 1,6 bilhão ao projeto. Se Trump não sancionar o Or- çamento, o governo será obri- gado a paralisar suas atividades não essenciais, estado co- nhecido como “shutdown”.

Ninguém no Congresso parece dar muita bola para o mu- ro. Um relatório da Brookings Institutio­n, divulgado este mês, constatou que ele não serviria basicament­e para nada, além de criar caso com o vizinho. Já existem barreiras físicas em quase toda a frontei- ra. Desde os anos 1990, traficante­s usam túneis de mais de 20 metros de profundida­de – o muro se estenderia no máxi- mo 2 metros sob o solo.

A droga entra nos Estados Unidos pelos 52 postos fronteiriç­os. A maioria dos 6,2 mi- lhões de mexicanos ilegais che- gou ao país como turista. A criminalid­ade entre eles é bai- xa. Em contrapart­ida, o muro ameaça acordos de uso da água, povos indígenas separados pela fronteira e mais de 100 espécies nativas. Até o combate à praga do bicudodo-algodoeiro seria seria prejudica- prejudicad­o. O México é o terceiro maior parceiro comercial ame- ricano. A polícia mexicana é essencial na batalha contra o tráfico. “A cooperação do México é bem mais importan- te para a segurança americana que qualquer muro”, diz Vanda Felbab-Brown, autora do relatório.

As várias faces políticas do islamismo

Os dois maiores especialis­tas da Brookings Institutio­n no mundo islâmico, Shadi Hamid e Will McCants, se uniram para estudar, ao longo de mais de dois anos, a ascensão de grupos islamistas em 12 países de maioria muçulmana – da Síria à Malásia, da Tunísia ao Paquistão, do Kuwait ao Egito. O resultado está no recém-lançado Rethinking political Islam (Repensando o Islã político). Com artigos de especialis­tas e entrevista­s com os próprios islamistas, o livro decifra como a ação deles difere de país para país.

O preconceit­o contra o “neoliberal­ismo”

A nova onda de privatizaç­ões despertou a ira previsível no Brasil. Os críticos ignoram que políticas liberais reduziram não apenas a pobreza, mas também a desigualda­de, mesmo depois da crise de 2008. Entre 2008 e 2013, os pobres no mundo caíram de 1,2 1,2 bilhão bilhão (17,8% da população) para 767 milhões (10,7%), segundo o Banco Mundial. Em 49 países, de uma amostra de 83, a renda dos 40% mais pobres cresceu mais que a média. De 1820 a 1990, a desigualda­de global, medida pelo índice Gini, era crescente. Começou então a cair e, entre 2008 e 2013, diminuiu de 66,8 para 62,5. “É desconcert­ante como tantos progressis­tas encaram o termo ‘neoliberal­ismo’ com desdém”, escreveu o economista Scott Sumner.

O ódio a Malala no Paquistão

Nobel da Paz, nova estrela do Twitter e recém-admitida à Universida­de Oxford, no Reino Unido, a paquistane­sa Malala Yousafzai é um símbolo global na defesa da educação feminina. Em sua terra natal, porém, muitos a veem com desdém. Suspeitam de suas ligações com o Ocidente e acreditam que o atentado contra ela foi cometido pela CIA, não pelo Taleban. Ela diz querer um dia ser primeira-ministra do país, mesmo que a odeiem.

Miami? Já pensou em Melbourne?

Canadá e Austrália abrigam, cada um, três das dez melhores cidades para viver no planeta, segundo a Economist Intelligen­ce Unit (veja quadro). Para comparar a qualidade de vida em 140 cidades, a EIU leva em conta estabilida­de, saúde, cultura, meio ambiente, educação e infraestru­tura. Pelo sétimo ano consecutiv­o, Melbourne foi a campeã, seguida de Viena, Vancouver e Toronto. Calgary e Adelaide empataram em quinto.

“Como um homem que não consegue administra­r com responsabi­lidade uma conta do Twitter pode deter o poder de destruir o planeta?” Benjamin Wittes e Susan Hennessey, EM ARTIGO NA

‘FOREIGN POLICY’ EXPLICANDO POR QUE A LEI AMERICANA DÁ A DONALD TRUMP O DIREITO DE, SOZINHO, DESFERIR UM ATAQUE NUCLEAR

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BRYAN DENTON/THE NEW YORK TIMES Fronteira. Cooperação é essencial contra o narcotráfi­co
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