O Estado de S. Paulo

BAIANO VIVE DESCONFORT­O EM TRAVESSIA DE BARCO

Sistema de Ferry Boat ficou mais cheio após acidente com a lancha

- Pablo Pereira

Gente sentada nas escadas, idosos procurando um canto para se acomodar no chão, sem conforto, para a travessia de uma hora no Ferry Boat, embarcação que faz a ligação de Salvador a Itaparica. O cenário é tolerado em silêncio, especialme­nte em horários de pico, por centenas de passageiro­s que atravessam diariament­e o canal de Bom Despacho até a capital baiana.

Sobrecarre­gadas nos últimos dias pela suspensão da travessia de barcos de outra linha, Vera Cruz-Salvador-Vera Cruz, palco da tragédia com a lancha na quinta-feira, as viagens no Ferry passaram a ser a única alternativ­a para chegar e sair da ilha, caminho também para encurtar passagem rumo ao interior, por Santo Antonio de Jesus eo sul da Bahia.

O Ferry liga o Terminal de Bom Despacho, vizinha de Vera Cruz, ao bairro do Comércio, região central de Salvador. Pelo menos um dos barcos tem capacidade para até 800 passageiro­s, além de levar carros.

“Eles não respeitam horário, saem com atraso. Essa demora é um descaso”, reclamava no fim da tarde de anteontem o aposentado Carlos Roberto Santos, de 58 anos, morador de Salvador que retornava de Vera Cruz por Bom Despacho. Sentado em uma das escadas da embarcação, dizia, porém, que o acúmulo de pessoas pelos corredores “é normal” e, nas temporadas de festas, é que “fica muito pior”. Para ele, o que aconteceu com a Cavalo Marinho, a lancha que virou, “foi uma casualidad­e”. E acrescenta: “Isso nunca havia ocorrido aqui”, disse ele, que reclamava do atraso.

No andar superior, acomodada no chão, Lisete contou que também costumava usar a lancha. Ela disse que estava no Ferry por ser a única opção após a suspensão das viagens de lanchas. “A lancha era o meu transporte preferido. Por causa da rapidez.” O trajeto nas lanchas costuma ser mais rápido, cerca de 30 minutos, metade do tempo do Ferry. “Mas, agora, eu não vou mais lá por causa da inseguranç­a.”

Buscas.

Ontem, equipes de resgate continuara­m as buscas na Bahia. Pelos relatos, eles trabalham com o número de dois desapareci­dos. No Pará, foi achado ontem o 30.º sobreviven­te do naufrágio.

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UESLEI MARCELINO/REUTERS Cavalo Marinho 1. Para muitos passageiro­s, tragédia com 18 mortos foi uma fatalidade

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