O Estado de S. Paulo

Herchcovit­ch leva funk ao Teatro Municipal

Um dia antes do início da São Paulo Fashion Week, desfile misturou elementos do elegante e do clássico com assinatura do estilista

- Maria Rita Alonso Anna Rombino

A batida do funk misturada à música clássica dava pistas do que estava por vir. Armado no Teatro Municipal, no centro de São Paulo, o desfile da À La Garçonne, com assinatura do estilista Alexandre Herchcovit­ch, trouxe ontem uma miscelânea de estilos, ‘sampleando’ o clássico e o elegante com o popular, o ordinário, o sexy e também o debochado. Depois de perder o direito de usar sua grife homônima e assumir a marca do marido, Fabio Souza, há dois anos, o estilista paulistano está em uma fase experiment­al, abrindo o leque e jogando propostas provocador­as na passarela.

A “vibe” do skatewear estava ali, ultra valorizada, com a série de jeans bruto, camisetas e moletons que abriu o desfile. Daí, vieram as jaquetas de sarja camuflada, bem largas, com pinturas de animais selvagens nas costas. Um clássico da marca, se é que se pode dizer isso de uma grife tão jovem, ainda em formação. “Estamos aperfeiçoa­ndo o estilo e criando códigos que possamos perpetuar como marcas registrada­s da À La Garçonne”, diz Herchcovit­ch.

Havia uma perversão nas transparên­cias abusadas, na meia arrastão usada como segunda pele e na mistura sarcástica das estampas de onça com peças esportivas, como o tênis. Na sequência, o estilista soltou a mão artística resgatando a renda, o lurex e o xadrez, velhos conhecidos de seu repertório de criação.

Misturas.

Influencia­do pela estética punk dos anos 1960, ele se deixou levar por elementos que marcaram sua carreira nos últimos 20 anos. Mas os looks ficaram com uma cara nova. E foram muitas misturas, em muitos looks, mais precisamen­te 69. Apostar na diversidad­e e na salada de propostas, por sinal, é um caminho trilhado lá fora com sucesso por marcas como Gucci e Vetements.

O desfile longo refletiu também as últimas parcerias fechadas com À La Garçonne. Como essa é uma marca pequena, há algumas temporadas, Alexandre e Fábio apostam em um sistema colaborati­vo de produção, no qual eles entram com o design de peças e as empresas se responsabi­lizam pela confecção. Desta vez, fecharam parceria com dez companhias, entre elas Hering, Vans e Reserva.

Curiosamen­te, seu desfile ocorreu um dia antes do início oficial da São Paulo Fashion Week, marcado para hoje. “Ficamos fora do evento, pois o Teatro Municipal só tinha esta data e não queríamos abrir mão da locação, que é muito importante para a qualidade artística da apresentaç­ão”, diz.

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LEONARDO BENASSATTO/FRAMEPHOTO Marca. Mistura do estilo clássico com o popular foi aposta

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