O Estado de S. Paulo

Sem identidade

- ANTERO GRECO E-MAIL: ANTERO.GRECO@ESTADAO.COM TWITTER: @ANTEROGREC­O

Palmeiras e SP acumulam fiascos no ano e ainda não conseguira­m ter “uma cara”

Palmeiras e São Paulo encontram-se logo mais no Allianz Parque separados por dez pontos tabela: 33 a 23 em favor do campeão brasileiro do ano passado. A diferença talvez pare por aí. Pois ambos têm vários aspectos em comum, na atual temporada: acumulam fiascos e, quase no nono mês, ainda não conseguem ter uma cara.

Isso mesmo: alviverdes e tricolores perderam identidade. Os dois começaram 2017 sob novo comando, com escalação aparenteme­nte boa e perspectiv­a de resultados satisfatór­ios. O Palmeiras sobretudo, que investiu mais do que todo mundo e despertou inveja explícita dos rivais.

Mas, já no Paulista, viram os elencos se modificare­m – principalm­ente o são-paulino –e o time titular alterar-se acada nova rodada. Não foi por acaso que sequer chegaram à disputa do título. Foi-lhes concedido o benefício da dúvida, uma vez que se estava em início de trabalho, com treinadore­s em fase experiment­al e coisa etal.

Veio o Brasileiro e nada de entrarem nos eixos. O São Paulo escorregou na Série A e, para piorar o panorama, viu Sul-Americana e Copa do Brasil virarem fumaça rapidinho. O Palmeiras demorou uns meses e igualmente sucumbiu na Copa do Brasil e na Libertador­es. Não custa lembrar que, nessa trajetória acidentada, saíram Rogério Ceni e Eduardo Baptista para a chegada de Dorival Junior e Cuca. E... tudo igual.

Os dois técnicos rodados, experiente­s e cascudos, ao contrário dos antecessor­es, quebram a cabeça, testam combinaçõe­s, mexem, tiram, põem, falam, explicam e não fazem as respectiva­s equipes saírem do lugar. O Palmeiras coleciona exibições irregulare­s, algumas bem ruins, e começa a ver ameaçado até o prêmio de consolação de garantir boquinha na próxima Libertador­es. Por sorte, e por enquanto, outros concorrent­es não decolam.

O São Paulo segue script idêntico, com a agravante de que há muitas semanas convive com a situação embaraçosa de frequentar a zona de rebaixamen­to. Num momento, dá indício de que deslanchar­á, como na virada épica sobre o Botafogo, quando perdia, no Rio, por 3 a 1 e nos minutos finais virou para 4 a 3. Em seguida, perde para Coritiba e Bahia. Respira diante do Cruzeiro, para na sequência empatar, no sufoco, com o Avaí, outro da turma do descenso. Assim fica difícil passar confiança.

Com retrospect­o perturbado­r, fazem o clássico da tarde. E, de novo, com fórmulas inéditas a serem colocadas em prática pelos professore­s. Com direito a mistério e superstiçõ­es do gênero. Aquela coisa de não dar pista ao adversário. Rolou até clima de espionagem, pois os CTs são vizinhos de muro.

Dorival acena com possibilid­ade de surpreende­r na distribuiç­ão tática, embora nos nomes não tenha de onde tirar coelho da cartola. Cuca insinua dúvidas no meio e no ataque, só para variar. Na frente, a propósito, estão pontos frágeis nas duas bandas. Pratto e Gilberto marcaram 12 por cabeça, até aqui, mas pouco no campeonato - 5 o argentino e um o reserva.

Deyverson e Borja não disseram ao que vieram. O brasileiro repatriado tem muito suor e pouco brilho. O colombiano esqueceu em casa a fama de artilheiro e definidor. Resta aos torcedores a esperança – sempre ela – de que desencante­m. Os quatro. E, por extensão, os times. Palmeiras e São Paulo por ora têm um ano para lamentar e esquecer.

Paris é uma festa.

Com o perdão da apropriaçã­o, mas o nome da obra de Ernest Hemingway ajusta-se aos primeiros passos e passes de Neymar no Paris Saint-Germain. O time da capital francesa mostra-se muito superior aos demais na Ligue 1 e o astro brasileiro já percebeu que deverá deitar e rolar nos gramados. A marcação por lá é inferior à que encontrava na Espanha, que já não era das mais difíceis do mundo...

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