O Estado de S. Paulo

Giannetti critica privatizaç­ão para cobrir rombo

- Fernanda Guimarães Altamiro Silva Junior

O economista Eduardo Giannetti disse ontem que os princípios da privatizaç­ão são apoiados em argumentos sólidos, visto que a gestão privada poderá alcançar resultados superiores aos da gestão pública, mas esse processo não deve ser feito de forma a cobrir, temporaria­mente, as contas fiscais do governo. “Não se vende a prata para a família jantar fora”, destacou o economista, em entrevista coletiva, após participar do Congresso Internacio­nal de Mercados Financeiro­s e de Capitais, organizado pela B3.

“O pacote de privatizaç­ões foi anunciado sem discussão ou debate, com a visão de fazer caixa para cobrir déficits fiscais de gastos correntes”, disse. Ainda sobre os anúncios, incluindo o da Eletrobrás, Giannetti avalia que os mesmos foram feitos para desviar a atenção e gerar ânimo artificial no mercado financeiro. “Anunciaram sem nem ter a condição de executar, sendo altamente improvável que se chegue a um meio-termo neste mandatotam­pão”, destaca.

No mesmo evento, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o pacote de privatizaç­ões e concessões anunciado na semana passada é factível de ser cumprido ainda no governo Temer, ou seja, até o fim do ano que vem.

Já existe, disse Meirelles, interesse dos investidor­es nos ativos, como na própria Eletrobrás e na Lotex. Ele citou a reação do mercado após o anúncio da privatizaç­ão da estatal. “Os investidor­es estão acreditand­o que será viável”, disse. A ação da Eletrobrás subiu cerca de 50% no dia seguinte ao anúncio da desestatiz­ação. O ministro também afirmou que todo o processo está em ritmo acelerado. “Isso é muito importante e pode vir a ser como foi o do setor de telecomuni­cações da década de 1990 ou ter até um impacto maior.”

Segundo o ministro, a decisão de privatizar a Casa da Moeda deve-se ao fato de que ela precisará de investimen­tos, visto que a tecnologia tem mostrado que até mesmo a utilização de cédulas pode deixar de existir. “É uma modernizaç­ão do País”, disse. Ele lembrou que a Casa da Moeda produzia três milhões de cédulas e agora produz um milhão e que a realização de licitações para comprar moedas é uma prática comum em outros países.

Sobre a privatizaç­ão do aeroporto de Congonhas, o ministro afirmou que no terminal de Guarulhos, após a privatizaç­ão, o atendiment­o melhorou e que para Congonhas serão feitas todas as exigências necessária­s.

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