O Estado de S. Paulo

Natiruts lança disco de inéditas depois de 8 anos

As 11 faixas do álbum ‘Índigo Cristal’ falam sobre positivida­de e o seguir em frente em meio ao caos

- João Paulo Carvalho

Os acordes iniciais de Sol do Meu Amanhecer, primeiro single de Índigo Cristal, novo disco do Natiruts, surgem de forma leve e serena. Lembram, em algum momento, um clássico da música popular brasileira. O dedilhado das guitarras também camuflam a força do reggae consagrado que já é feito há 21 anos.

O sétimo trabalho de estúdio do grupo brasiliens­e liderado pelo vocalista Alexandre Carlo externa não só a força do gênero musical em questão, mas a heterogene­idade de uma banda que aprendeu a absorver diferentes ritmos radiofônic­os em suas composiçõe­s. “Somos considerad­os regueiros no Brasil, mas fora, onde os jamaicanos autênticos sempre fazem shows, somos vistos como artistas de música brasileira ou de world music, porque as misturas, inovações melódicas, rítmicas e harmônicas que propomos nas canções acabam nos diferencia­ndo do reggae feito na Jamaica”, afirma Alexandre em entrevista ao Estado.

Depois de 8 anos sem um disco de inéditas, o Natiruts volta à ativa com Índigo Cristal. A essência do trabalho gira em torno da positivida­de e o seguir em frente em meio ao caos social. Com letras que falam sobre amor, o Natiruts se tornou uma banda mais madura e consciente da sonoridade que é capaz de produzir. “Depois da morte, amigo, tudo se resume a energia: positiva ou negativa. Quando você percebe isso, começa a se perguntar a quem interessa todo esse caos. Se você olha para o tanto de estrelas lá em cima e acha que a única coisa que pode mudar sua vida é um Congresso, fica muito complicado achar uma saída. Na verdade, essa é a verdadeira prisão”, filosofa Alexandre.

Em Raçaman (2009), o Natiruts já dava sinais de amadurecim­ento. Letras mais críticas como Fogueira de Desilusões e Vento, Sol Coração externavam tal conceito. No novo álbum, inteiramen­te gravado no estúdio da Zeroneutro, agência da qual Alexandre Carlo é sócio, em Brasília, algumas composiçõe­s dão continuida­de a essa linha contundent­e e natureba.

Os destaques são A Justiça Falha e Desculpe Doutor. “Nós nos tornamos experiente­s, sensatos e maduros. O mais importante sobre as verdades do País, que jamais haviam sido tão escancarad­as, é a oportunida­de do povo em ver que os problemas do Brasil não são só reflexos das mazelas da colonizaçã­o ou do imperialis­mo norteameri­cano, como costumávam­os bradar em tempos passados. Os ladrões estão aqui, de terno e gravata, eleitos por todos nós”, conclui ele.

Apesar das canções mais críticas, grande parte das faixas do trabalho não perdeu seu DNA Natiruts. Canção Pro Vento e Eu Quero Demais mantêm o legado. “Muitas coisas permanecem as mesmas. Só escutando para sacar”, acrescenta.

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BETO GATTI Alexandre Carlo e Luís Mauricio. Vocal e baixo da banda que se mantém fiel às suas raízes
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‘Índigo Cristal’

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