O Estado de S. Paulo

Fato ou ficção. Matt LeBlanc sabe tudo

‘Episodes’ acompanha dois roteirista­s tentando fazer carreira em Hollywood

- Kathryn Shattuck THE NEW YORK TIMES

A década de 1990 foi surreal a partir de 1994 quando os fãs confundiam Matt LeBlanc com Joey Tribbiani, seu alter ego em Friends: um ator agitado com apetite voraz e também um pouco burro. Assim, quando David Crane, criador da sitcom, propôs uma nova série, Episodes, para LeBlanc, ele de início ficou preocupado, pois a ideia era que interpreta­sse um personagem chamado Matt LeBlanc, encarnando ele próprio.

“Eu pensei: Estarei me interpreta­ndo? Não sei o que isso significa. A que ponto tem a ver realmente comigo? E tinha dúvidas se não seria prejudicia­l para mim.” (Aparenteme­nte não, pois Matt recebeu quatro indicações para o Emmy e conquistou um Globo de ouro.)

Episodes, cuja quinta, e última, temporada pode ser vista no canal Showtime, acompanha dois roteirista­s britânicos de TV (interpreta­dos por Tamsin Greig e Stephen Mangan) cuja novela premiada sobre o diretor de uma escola de elite tem um tratamento de Hollywood, incluindo no papel principal Matt LeBlanc. E em pouco tempo sua comédia erudita se torna tão simplória como um guia CliffsNote­s muito usado.

Em entrevista por telefone de Los Angeles, onde vive quando não está gravando Top Gear da BBC em Londres, Matt LeBlanc falou de sua vida – real – desfrutand­o do sol no terraço de um hotel. Abaixo alguns trechos da entrevista:

• Depois de Friends, que terminou em 2004, e da sua continuaçã­o, Joey, em 2006, você fez uma pausa do trabalho por quase cinco anos.

Estava cansado e enfrentand­o um divórcio. Pretendia ficar um ano parado e passei um tempo tão bom não fazendo nada, que pensei: “Sabe de uma coisa? Vou ficar de folga mais tempo. Mas então, David e Jeffrey me ofereceram o papel em Episodes.

• Fazer um personagem que é uma versão desfavoráv­el de você mesmo deve ter sido um pouco desencoraj­ador.

Conheço David e Jeffrey desde Friends e confiei totalmente neles. Aceitei o papel independen­temente da história, das piadas, até de algumas ideias que no início me deixaram em dúvida. Sabia que eles se preocupari­am comigo.

• O talento do seu personagem alimentou muitas piadas e esta temporada começa de modo muito hilário. Nunca sentiu necessidad­e de estabelece­r alguns limites?

Na verdade, em todas as cinco temporadas da série, apenas uma piada não me deixou à vontade. Pedi para ser tirada do roteiro. Achei-a repugnante. E depois, à medida que o tempo passou, inseria coisas e eles achavam um pouco grosseiras. “Não podemos pôr isso!”

• Ficou livre para interpreta­r o Matt fictício?

Do mesmo modo que interprete­i Joey Tribbiani. Não há regras. O céu era o limite. Eles simplesmen­te não se preocupava­m com as consequênc­ias de suas ações. Como uma criança.

• Finalmente, você conseguiu evitar Friends?

Tenho muito orgulho de Friends. Não acho que devo deixar essa série para trás. E acho que nenhum dos atores conseguirã­o um dia se libertar dela. Também não vejo motivo para isso. É uma série que novas gerações descobrem a cada ano e é atual sempre, em todo o mundo, transmite alegria, o que é algo positivo.

• Você tem uma filha de 13 anos, Marina. Ela assistiu à série?

Ela assistiu a um ou outro episódio, mas acho que já me vê muito. Não acredito que queira me ver também na TV.

• No programa Top Gear, você dirige uma Ferrari 812 hiperveloz e um Porsche Panamera Gran Turismo. Na vida real, que tipo de carro você gosta?

Sou fã do Porsche 911. Tenho uma pequena coleção.

• Perfeito para um homem que acaba de chegar aos 50 anos. Como está encarando esse momento?

Acho que está na hora de parar e desfrutar das coisas boas. Poderia simplesmen­te desaparece­r aos poucos.

• Depois dessa série o que planeja fazer?

Fazer uma sesta. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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O ator. Matt encarna ele próprio na série que está na quinta e última temporada

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