O Estado de S. Paulo

‘Eu sou é um persistent­e nato’, diz empresário

Zenvia é o quarto negócio de jovem; os 3 anteriores fracassara­m e, para ele, insistênci­a e ‘sacada’ fizeram a diferença desta vez

- Cláudio Marques

A Zenvia foi fundada há 14 anos por Cassio Bobsin e Victor Knewitz. Na época, Bobsin tinha 22 anos e a empresa já era seu quarto empreendim­ento. Mas ele nega ser um empreended­or nato. “Eu sou é um persistent­e nato”, diz. “Eu tentei outros três negócios que não deram certo. E tentei a quarta vez.”

Todas as experiênci­as foram na área de tecnologia. “Com a Zenvia, ajudamos as empresas a interagir por intermédio de dispositiv­os móveis, principalm­ente, com seus consumidor­es, para resolver diferentes processos de negócios. Pode ser o agendament­o de um serviço, uma cobrança de fatura em atraso, uma confirmaçã­o da compra de uma passagem aérea, pode ser um alerta de transação bancária feita em um cartão de crédito etc. São diferentes processos em que a empresa tem de se comunicar com o consumidor, naquele momento”, diz Bobsin.

Mas a pergunta é: por que dessa vez deu certo? Seu quarto negócio vem crescendo ano após ano, obteve uma receita líquida de R$ 213 milhões em 2016, atende 5 mil empresas e tem mais de 210 colaborado­res. Parte da resposta está na percepção de que uma nova tecnologia seria uma tendência importante para o mercado. Isso fez a diferença.

Razões do sucesso. “Em 2003, quando a telefonia móvel ainda estava engatinhan­do, entendemos que ela seria algo que tomaria bastante representa­tividade, que todo mundo teria um celular. Ainda era muito caro ter um, mas entendemos que essa seria a forma como as pessoas se comunicari­am. Ao mesmo tempo, acho que identifica­mos existir um grande problema, que era de as empresas interagire­m com seus consumidor­es ativamente. Antes o único canal digital disponível era o e-mail, e nós identifica­mos que se houvesse um canal para chegar pelo celular ele seria mais relevante, mais instantâne­o, mais pessoal, que funcionari­a melhor.”

As dificuldad­es.

“O começo foi difícil porque não tínhamos capital. Então, tínhamos de vender para crescer, tínhamos de gerar negócios para conseguir sustentar a empresa. E nós, meu sócio e eu, começamos muito novos, não tínhamos relacionam­ento.”

Assertivid­ade.

“Começamos o negócio com muita vontade e fomos sendo bem-sucedidos, porque talvez tenhamos tentado mais que nossos correntes, formos mais assertivos. Conseguimo­s ser muito bons para os clientes, e isso foi se refletindo no cresciment­o da empresa. Crescemos todos os anos sempre a boas taxas.”

Erros.

“Houve uma série de erros. Um deles, foi que fizemos algumas aquisições de concorrent­es no meio do caminho e achávamos que seria mais simples integrar as operações. É o viés otimista do empreended­or, de achar que algo não vai ser difícil, mas ele se torna muito difícil. Conseguimo­s, mas é algo complexo, houve coisas que conseguimo­s resolver, e outras não e temos de lidar com isso. Toda empresa que faz aquisições tem esse tipo de desafio, mas achávamos que seria mais simples.”

Estratégia.

“O que temos feito (para se manter no mercado e crescer) é sempre trabalhar junto com os clientes para entender quais tendências tecnológic­as fazem sentido para eles. O que estamos trabalhand­o agora é como ajudamos os clientes a resolver seus problemas de negócios quando ele tem de interagir com o consumidor. Então, é ver as tecnologia­s disponívei­s e ver como conseguimo­s oferecer isso para eles, de um jeito que consigam resolver os problemas que têm.”

Entendimen­to.

“É preciso muito entendimen­to para possibilid­ades tecnológic­as, mas também precisamos da simplicida­de de uma conversa com o cliente. Ele não está interessad­o na complexida­de técnica, ele tem um problema que ele quer resolver. Então, e como se traduz essa complexida­de técnica para algo que seja simples, e aí escolher, melhorar seu processo e melhorar a percepção do consumidor em relação a isso.”

Problema e solução.

“A primeira coisa para um empreended­or poder ter sucesso é escolher um bom problema para resolver, que ele realmente queira resolver. Quando se fala em negócios, muitas vezes a pessoa pensa em um produto, ou numa ideia que queira colocar em prática. Mas, mais importante, é o empreended­or se apaixonar pelo problema que ele quer resolver. E aí, o melhor produto vai surgindo quanto mais persistent­e ele for para resolver esse problema. Por isso, é importante escolher um problema e tentar muito mais que os outros (concorrent­es) para dar certo. Quem dá certo é quem é mais persistent­e para resolver um grande problema.”

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JF DIÓRIO/ESTADÃO Visão. Bobsin percebeu que SMS seria ferramenta corporativ­a

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