Gilmar recebeu flores de réu; MPF pede suspeição de novo
Lava Jato no Rio acha mensagem no e-mail do empresário Jacob Barata Filho; Procuradoria faz 3ª solicitação a Janot
A Procuradoria da República no Rio enviou ontem o terceiro pedido de suspeição do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O objetivo é impedi-lo de julgar casos relativos ao empresário Jacob Barata Filho, conhecido como “rei do ônibus” e réu na Operação Ponto Final.
Os procuradores descobriram que no dia 23 de novembro de 2015 Barata Filho enviou flores ao casal Gilmar e Guiomar Mendes, o que, segundo eles, demonstra a relação de intimidade entre ministro e empresário.
Ao analisar a caixa de e-mail de Barata Filho, a força-tarefa da Lava Jato no Rio localizou troca de mensagens entre o empresário e uma floricultura que cita a entrega das flores a Gilmar e Guiomar. “Temos certeza de que Guiomar e Gilmar ficará muito feliz (sic) ao receber seu presente”, diz a mensagem.
Segundo a força-tarefa, o local de entrega das flores é “no mesmo endereço que consta da agenda telefônica do aparelho celular do empresário como contato de Guiomar Mendes”. debates no plenário do STF, a quem costuma se referir como “todo-poderoso”.
O ministro Alexandre de Moraes classificou de “normal” a decisão de Cármen Lúcia de abrir espaço para manifestação de Gilmar, mas preferiu não comentar se acredita que o caso deva ou não ir a plenário. “Esse procedimento é normal. Ela ouve e depois decide”, disse.
Os ministros Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso disseram que não poderiam falar sobre o assunto. Outros três ministros abordados não responderam. Para os investigadores, o teor do texto “aponta para o íntimo relacionamento” entre os dois.
Notificação.
Semana passada, Janot pediu ao STF que declarasse a suspeição do ministro em relação a Barata Filho e a Lélis Teixeira, também empresário do ramo. Nos três pedidos, os procuradores sustentam que a proximidade de Gilmar e Barata Filho o impede de atuar. As solicitações foram feitas depois que Gilmar mandou soltar os empresários.
Ontem, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, notificou o colega. O ministro pode decidir se vai se manifestar ou não sobre o pedido.
Gilmar não se manifestou até a conclusão desta edição. A defesa de Barata Filho não foi localizada.