Furacão mata oito no Caribe e alarma EUA
Devastação à vista. Irma atinge categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson, deixa rastro de destruição em São Bartolomeu e Saint Martin; fenômeno também causou prejuízos em Antígua e Barbuda e se aproxima perigosamente de Porto Rico e do Haiti
O furacão Irma, que atingiu a categoria 5, a máxima na escala Saffir-Simpson, deixou ontem ao menos oito mortos no Caribe – seis em Saint Martin, um em São Bartolomeu e outro em Barbuda. O fenômeno, o mais forte registrado nesta década, também causou danos materiais em sua passagem pelas Pequenas Antilhas e colocou em alerta o sul dos EUA.
Segundo o Centro Nacional de Furacões (CNH) dos EUA, o Irma se desloca na direção oeste-noroeste. Ao se aproximar das Antilhas Francesas, o furacão provocou rajadas de vento de até 360 km/h. Após devastar São Bartolomeu e Saint Martin, o Irma seguia ontem para Porto Rico, Haiti e Flórida.
O governador de Porto Rico, Ricardo Rossello, orientou os 3,4 milhões de habitantes do território americano a buscar refúgio em um dos 460 abrigos. Ele também ordenou à polícia e à Guarda Nacional que comecem a retirar pessoas de áreas sujeitas a inundações. Segundo o CNH, Porto Rico não via um furacão com a magnitude do Irma desde o São Felipe, em 1928, que matou 2.748 pessoas em Guadalupe, Porto Rico e Flórida.
O fenômeno deve seguir para a Flórida no fim de semana, mas sua trajetória é incerta. A previsão é que o Irma se torne a segunda tempestade mais violenta a atingir os EUA este ano, após a passagem devastadora de Harvey pelo Texas. Pelo menos 70 pessoas morreram e os danos podem chegar a US$ 180 bilhões.
O presidente americano, Donald Trump, declarou estado de emergência em Porto Rico, na Flórida e nas Ilhas Virgens. A declaração acelera o envio de fundos governamentais para desastres. Trump também ordenou ao Departamento de Segurança Nacional (DHS) e à Agência Federal para Gestão de Emergências (Fema) que fiquem em alerta e coordenem todos os esforços de ajuda.
Pelas redes sociais, o primeiro-ministro de Antígua e Barbuda, Gaston Browne, disse que as duas ilhas foram devastadas pelo Irma, mas não falou em vítimas. As agências governamentais pediram à população que entre em contato com seus parentes para saber a situação, ainda que a imprensa local indique que os sistemas elétricos foram severamente danificados e os sinais de telefone estão fora do ar. Na vizinha Barbados, as ondas ganharam vários metros e provocaram graves inundações.
O presidente do território de Saint Martin, Daniel Gibbs, declarou nunca antes ter vivido algo parecido. “Até mesmo as paredes de alguns edifícios chegaram a tremer.” Ele disse que as comunicações estavam interrompidas.
Na Ilha de São Bartolomeu, a estação meteorológica local chegou a registrar ventos acima de 200 km/h e rajadas superiores. A mídia local diz que equipes de resgate e bombeiros tiveram de interromper seus trabalhos em razão das inundações que cobriram completamente vários edifícios. O furacão forçou o desvio do voo da Alitália que levava o papa Francisco para a Colômbia. A aeronave deveria sobrevoar Porto Rico, mas se deslocou para o sul.
Haiti. Tropas brasileiras no Haiti seguiram na manhã de ontem para a região de SaintMarc, no norte do país, para ajudar a população. A decisão foi tomada depois da autorização da ONU para estender até 17 de setembro a atuação dos militares brasileiros na Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), que havia terminado na quinta-feira, 31 de agosto.
“Enviei dois grupamentos de 48 homens cada para SaintMarc, cidade que fica entre Porto Príncipe e a área ao norte, onde o furacão atingirá o país”, disse o general Ajax Porto Pinheiro, comandante da Minustah. “Os haitianos não terão a ajuda de outros países como no ano passado. O Caribe inteiro será violentamente atingido”, disse o general. / EFE, REUTERS e AFP, COLABOROU LUCIANA GARBIN
Devastação
“Barbuda foi totalmente destruída, pelo menos 90% da ilha. Este é um desastre nacional”
Gaston Browne PRIMEIRO-MINISTRO DE ANTÍGUA E BARBUDA