O Estado de S. Paulo

ONU diz que ataque químico veio de Assad

- Jamil Chade CORRESPOND­ENTE / GENEBRA

No dia 4 de abril, uma mãe solteira voltou para casa, onde encontrou seus quatro filhos mortos. Eles, assim como dezenas de outras pessoas da cidade de Khan Shaykhun, tinham sofrido um ataque químico. A Comissão de Inquérito dos Crimes na Síria concluiu ontem que o ataque foi feito pelo governo de Bashar Assad e o denunciou por crimes de guerra.

A Rússia é acusada de crimes de guerra, por supostamen­te bombardear hospitais antes e depois do ataque para impedir que os feridos fossem atendidos. A tarefa de apurar o incidente ficou com a comissão da ONU liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, que ontem apresentou suas conclusões.

A apuração indicou que um jato da Força Aérea síria realizou quatro ataques às 6h45 daquele dia. Apenas uma das quatro bombas seria carregada com gás sarin, o suficiente para matar 83 pessoas. “Todas as evidências levam a comissão a concluir que existe base suficiente para acreditar que as forças sírias jogaram a bomba, dispersand­o o gás sarin em Khan Shaykhun”, escreveu Pinheiro.

A comissão não encontrou evidências de que o ataque tenha sido realizado por grupos armados da oposição. Tampouco houve provas das alegações de russos e sírios de que o gás estaria em um depósito atingido por ataques. O depósito de fato foi atacado naquele dia, mas cinco horas depois do incidente com o gás.

Dois dias antes do ataque químico, o principal hospital da região também foi destruído por forças sírias e russas, no que a ONU considerou como outro crime de guerra. O local teria sido o único capaz de tratar as vítimas e sua destruição foi interpreta­da como um esforço para garantir que não haveria sobreviven­tes.

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