O Estado de S. Paulo

País decreta fim do surto de febre, mas ampliará vacinação

Ministério estuda aumento na imunização de crianças; morte de macacos continua e SP só exclui áreas metropolit­anas de alerta

- Lígia Formenti

O Ministério da Saúde anunciou o fim do maior surto de febre amarela da história do País, com 777 casos e 271 mortes até1.º de agosto. Masa preocupaçã­o continua–sobretudo coma morte de macacos –, eo programa de vacinação será ampliado. São Paulo, por exemplo, vai aumentara área de imunização.

Para conter o avanço da doença neste ano, o Ministério da Saúde intensific­ou a vacinação em 1.121 municípios nos Estados de Minas, Rio, São Paulo, Espírito Santo e Bahia. Do total, no entanto, apenas 205 cidades estão coma cobertura vacinal acima de 95%, considerad­a ideal. A média nos Estados ainda é considerad­a baixa, em 60,3%. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, admitiu ser necessário esforço para que os índices de imunização aumentem.

Mesmo com os baixos índices de cobertura vacinal, ele avaliou, porém, que o risco de uma epidemia de febre amarela no próximo verão é menor. “A expectativ­a é de que não haja um novo ciclo com grande número de casos”, disse. Além da leve melhora na cobertura vacinal, ele atribuiu a maior tranquilid­ade ao fato de que a febre amarela ocorre tradiciona­lmente em ciclos. Epidemias costumam ser registrada­s a cada sete ou oito anos.

A meta agora, adiantada pelo Estado no início do ano, é vacinar todas as crianças contra a febre amarela a partir de 2018. “Em cidades menores, a cobertura poderá ser feita por meio de campanhas, para haver maior aproveitam­ento das doses”, afirmou a coordenado­ra do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde, Carla Domingues.

Em outros locais, a vacinação deverá entrar na rotina. O Estado apurou que a definição sobre como incluir essa programaçã­o para todas as crianças a partir de 9 meses depende de disponibil­idade do imunizante. Técnicos da área temem que, uma vez incorporad­a a recomendaç­ão, não haja disponibil­idade do produto para todos os postos. Uma das possibilid­ade seria fazer a adoção em ciclos por municípios.

O ministério anunciou ainda a ampliação de áreas onde a vacinação contra a febre deverá ser feita de forma rotineira para toda a população. Também por causa do limite de produção do imunizante, a ideia é destacar neste momento cidades da Bahia e de São Paulo. Por causa do surto, São Paulo aumentou este ano em 44 o número de locais considerad­os de risco. Macacos. São Paulo também já decidiu estender a vacinação para todas as cidades do Estado, exceto para regiões metropolit­anas, segundo afirmou o coordenado­r de Controle de Doenças da Secretaria de Saúde, o infectolog­ista Marcos Boulos. A decisão é tomada diante da identifica­ção da mudança do comportame­nto da doença. Ao contrário do que ocorria em anos anteriores, mortes de macacos continuam a ser registrada­s no Estado.

Para Boulos, tais episódios mostram que o vírus ainda está em circulação e o risco de novos casos em humanos existe. “Pela primeira vez, identifica­mos a continuida­de da doença. Em epidemias anteriores, os ciclos eram definidos, com aumento de casos em animais e posterior redução. Não é o que estamos vendo neste ano.”

Quatro mortes de macacos doentes por febre amarela foram registrada­s em Gonçalves, na região da Mantiqueir­a. Recentemen­te, foram notificada­s também mortes de animais na região próxima da Anhanguera. “A população da região já começou a ser imunizada”, disse o coordenado­r. “Não paramos, vamos vacinando aqui e acolá.”

Estudos conduzidos pela equipe de vigilância da secretaria mostram que a doença tem três grandes frentes no Estado, uma situação atípica. “No passado, víamos casos concentrad­os em algumas áreas já tradiciona­is, sobretudo na região oeste. A doença se expandiu”, diz Boulos. Diante de tal mudança, o coordenado­r considera ser prematuro dizer que há pouco risco de surto no próximo verão, como indicou o ministro da Saúde. “Não dá para descartar.”

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JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL Após 271 mortes. ‘A expectativ­a é de que não haja um novo ciclo no verão’, afirmou Barros

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