O Estado de S. Paulo

NOVO MUSEU DA INDEPENDÊN­CIA SÓ EM PROJETO

Após mais de quatro anos, sai concurso para restauro do Ipiranga; mas falta verba para obras

- Edison Veiga

Quatro anos e um mês após ter sido interditad­o por causa de problemas estruturai­s, o monumental edifício do Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, finalmente terá o início de suas obras. Ou melhor: do projeto de suas obras. Hoje, feriado do Dia da Independên­cia, a instituiçã­o, mantida pela Universida­de de São Paulo (USP), lança um concurso para arquitetos com o objetivo de escolher o melhor plano de restauro do centenário prédio.

O edital deve prever um valor de R$ 111 milhões para os trabalhos – R$ 8 milhões só para o projeto. A ideia é passar o chapéu entre empresário­s e líderes setoriais para tentar arrecadar esses fundos. Para tanto, foi firmada uma parceria entre a USP, o governo do Estado e o Grupo Mulheres do Brasil (GMB), entidade capitanead­a pela empresária Luiza Helena Trajano, proprietár­ia do Magazine Luiza. Caberá ao GMB buscar os apoios da iniciativa privada.

As contrapart­idas ainda serão definidas. Devem ser previstos casos de doações em troca de renúncia fiscal – por meio das leis de incentivo em vigor – e não está excluída a possibilid­ade de que o museu reaberto tenha alguns espaços patrocinad­os, com marcas de empresas parceiras. “Também esperamos ter doações diretas, sem contrapart­idas”, comenta a líder do Comitê de Cultura do GMB, Raquel Elita Preto. “Mas será ao longo das próximas semanas que vamos estruturar todas as possibilid­ades”, complement­a ela. “Temos uma equipe técnica que está avaliando o que pode e o que não pode ser feito, uma vez que se trata de um prédio histórico”, salienta Luiza Trajano.

Com o lançamento do concurso, a administra­ção do Museu Paulista mantém viva a esperança de que o espaço esteja reaberto para os festejos do bicentenár­io da Independên­cia do Brasil, em 7 de setembro de 2022. O cronograma, definido no edital, será apertado. Cinco meses para o concurso, 15 para o desenvolvi­mento do projeto executivo e 30 para obras civis.

“Sabemos que se trata de uma corrida contra o tempo”, afirma a diretora do Museu Paulista, a historiado­ra Solange Ferraz de Lima.

Gasto. Nos últimos quatro anos, embora nenhuma obra tenha sido feita, os trabalhos não foram perdidos. Ao custo total de cerca de R$ 3 milhões, duas profundas análises dos problemas do prédio foram desenvolvi­das – a primeira delas, das fachadas, já foi concluída; a segunda, estrutural, deve ficar pronta em outubro. Esses laudos ficarão disponívei­s para os arquitetos interessad­os.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO Sem visitação. Reabertura no bicentenár­io exigirá cumpriment­o rígido de cronograma

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