Rendimento da caderneta de poupança será menor
Estimativa da Anefac é de que, com a taxa básica de juros a 8,25% ao ano, retorno caia para 0,47%
Com a taxa básica de juros (Selic) em 8,25% ao ano, a remuneração das cadernetas de poupança passa a ter uma nova dinâmica a partir de agora. Isso porque, pelas regras atuais, sempre que a taxa fica igual ou abaixo de 8,50%, a poupança passa a ser remunerada pela taxa referencial (TR) mais o equivalente a 70% da Selic. Na prática, a remuneração da poupança será menor.
A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) estima o rendimento mensal da poupança em 0,47% com a Selic a 8,25% ao ano.
Enquanto a Selic permaneceu acima de 8,50%, o reajuste dos saldos da poupança era feito com base na TR mais uma parcela fixa de 0,5% ao mês.
Gatilho. Esse gatilho que muda a remuneração foi criado em maio de 2012, durante o governo de Dilma Rousseff. O mecanismo serve para proteger a indústria de fundos. Sem ele, a poupança poderia se tornar mais vantajosa e provocar uma migração em massa de recursos, quebrando a indústria de fundos de renda fixa.
Na ponta do lápis, o desempenho do investimento trará resultados inferiores aos verificados atualmente. Mas isso não significa que as demais aplicações de renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs e similares tornamse mais atraentes.
Durante a recessão econômica, em 2015 e 2016, a baixa remuneração da poupança vinha sendo citada como um dos motivos para os saques líquidos nas contas. Se por um lado as famílias em dificuldades vinham tirando dinheiro da caderneta para fechar o orçamento, por outro quem tinha dinheiro sobrando procurava outras opções, como os fundos de renda fixa.
Em 2017, o fenômeno voltou a ocorrer, com retiradas líquidas em janeiro, fevereiro, março e abril. Em maio, junho, julho e, agora, em agosto, houve captação líquida. Nesse período, os trabalhadores puderam retirar recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o que contribuiu para elevar os depósitos na poupança.
Agosto. No mês passado, o volume de recursos que os investidores depositaram na poupança, já descontados os saques, somou R$ 2,144 bilhões, informou o Banco Central. Foi o quarto mês consecutivo em que houve captação líquida. O resultado para a poupança foi o melhor para meses de agosto desde 2013, quando houve depósitos líquidos de R$ 4,646 bilhões. Em agosto do ano passado, houve saques líquidos de R$ 4,466 bilhões e, em julho de 2017, aportes de R$ 2,336 bilhões.