O Estado de S. Paulo

Rendimento da caderneta de poupança será menor

Estimativa da Anefac é de que, com a taxa básica de juros a 8,25% ao ano, retorno caia para 0,47%

- Fabrício de Castro Fernando Nakagawa

Com a taxa básica de juros (Selic) em 8,25% ao ano, a remuneraçã­o das cadernetas de poupança passa a ter uma nova dinâmica a partir de agora. Isso porque, pelas regras atuais, sempre que a taxa fica igual ou abaixo de 8,50%, a poupança passa a ser remunerada pela taxa referencia­l (TR) mais o equivalent­e a 70% da Selic. Na prática, a remuneraçã­o da poupança será menor.

A Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administra­ção e Contabilid­ade (Anefac) estima o rendimento mensal da poupança em 0,47% com a Selic a 8,25% ao ano.

Enquanto a Selic permaneceu acima de 8,50%, o reajuste dos saldos da poupança era feito com base na TR mais uma parcela fixa de 0,5% ao mês.

Gatilho. Esse gatilho que muda a remuneraçã­o foi criado em maio de 2012, durante o governo de Dilma Rousseff. O mecanismo serve para proteger a indústria de fundos. Sem ele, a poupança poderia se tornar mais vantajosa e provocar uma migração em massa de recursos, quebrando a indústria de fundos de renda fixa.

Na ponta do lápis, o desempenho do investimen­to trará resultados inferiores aos verificado­s atualmente. Mas isso não significa que as demais aplicações de renda fixa, como o Tesouro Direto, CDBs e similares tornamse mais atraentes.

Durante a recessão econômica, em 2015 e 2016, a baixa remuneraçã­o da poupança vinha sendo citada como um dos motivos para os saques líquidos nas contas. Se por um lado as famílias em dificuldad­es vinham tirando dinheiro da caderneta para fechar o orçamento, por outro quem tinha dinheiro sobrando procurava outras opções, como os fundos de renda fixa.

Em 2017, o fenômeno voltou a ocorrer, com retiradas líquidas em janeiro, fevereiro, março e abril. Em maio, junho, julho e, agora, em agosto, houve captação líquida. Nesse período, os trabalhado­res puderam retirar recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o que contribuiu para elevar os depósitos na poupança.

Agosto. No mês passado, o volume de recursos que os investidor­es depositara­m na poupança, já descontado­s os saques, somou R$ 2,144 bilhões, informou o Banco Central. Foi o quarto mês consecutiv­o em que houve captação líquida. O resultado para a poupança foi o melhor para meses de agosto desde 2013, quando houve depósitos líquidos de R$ 4,646 bilhões. Em agosto do ano passado, houve saques líquidos de R$ 4,466 bilhões e, em julho de 2017, aportes de R$ 2,336 bilhões.

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