Ataque não é primeira opção com Coreia do Norte, afirma Trump
Presidente americano conversou com Xi Jinping por telefone e afirmou ter tido com ele um diálogo ‘forte’ e ‘franco’
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem, após conversar com o presidente chinês, Xi Jinping, que a resposta militar às crescentes ameaças da Coreia do Norte não é sua “primeira opção”, ainda que tenha deixado a porta aberta para essa possibilidade.
O republicano afirmou ter tido uma conversa “forte” e “franca” com o líder chinês sobre o tema, três dias depois de ter ameaçado romper as relações comerciais dos EUA com os países que fazem negócios com Pyongyang, entre eles, a China.
“O presidente Xi gostaria de fazer alguma coisa. Veremos se ele poderá fazer ou não. Mas não iremos aguentar o que está acontecendo na Coreia do Norte”, disse Trump a repórteres na Casa Branca.
Novo teste. Após o teste nuclear da semana passada, que o regime de Kim Jong-un afirmou ter testado sua bomba nuclear mais potente, Trump insinuou que não descartava a possibilidade de um ataque militar à Coreia do Norte.
Em Pequim, a agência de notícias oficial chinesa Xinhua informou que o presidente Xi afirmou a Trump que a China está focada em resolver o problema nuclear da Península Coreana por meio de conversas e medidas pacíficas.
Em Nova York, um esboço de resolução citado pela agência Reuters mostrou que os EUA querem que o Conselho de Segurança da ONU imponha um embargo de petróleo à Coreia do Norte, proíba as exportações de têxteis do país, a contratação de trabalhadores nortecoreanos no exterior e determine a Kim um congelamento de ativos e proibição de viagem.
O encarregado de negócios da embaixada brasileira em Pyongyang, Cleiton Schekel, reconhecido como “corajoso” pelo governo brasileiro, afirmou ontem, em entrevista ao Estado, acreditar que é pouco provável que a retórica bélica entre EUA e Coreia do Norte se converta em realidade. O principal perigo, segundo ele, é de erro de cálculo em uma das escaladas de ameaças ou provocações.
Na avaliação do diplomata, que concedeu a entrevista de Pequim, onde estava para acompanhar a comitiva brasileira em visita à China, a tensão na Coreia do Norte segue ciclos e o nível atual já estava alto antes do teste da semana passada. Segundo Schekel, isso costuma ocorrer com o aumento da retórica agressiva durante os exercícios militares conjuntos de EUA e Coreia do Sul, realizados anualmente nesse período.
De acordo com o diplomata, o último teste não foi exatamente uma surpresa e “há tempos” analistas vinham assinalando sua iminência. “O principal motivo para essa estimativa são as imagens de satélite obtidas por instituições que monitoram o país. Elas vinham mostrando movimentos de preparação nos locais de teste”, afirmou Schekel. / REUTERS, AFP, EFE com CÉLIA FROUFE
Diplomacia
“O presidente Xi gostaria de fazer alguma coisa. Veremos se ele poderá fazer ou não. Mas não iremos aguentar o que está acontecendo na Coreia do Norte”
Donald Trump
PRESIDENTE DOS EUA
“É preciso se manter no caminho das soluções pacíficas”
Xi Jinping
PRESIDENTE DA CHINA