O Estado de S. Paulo

Estados esperam novo rating para ter crédito mais barato

Apenas São Paulo pode contratar R$ 2 bi e está à espera das novas notas fiscais; portaria era esperada para agosto

- Lorenna Rodrigues Eduardo Rodrigues / BRASÍLIA

A demora na conclusão da nova metodologi­a de avaliação das finanças estaduais pelo Tesouro Nacional paralisou a contrataçã­o de novos financiame­ntos pelos Estados. Sem recursos próprios para investimen­tos em obras como rodovias e saneamento, as administra­ções esperam a entrada em vigor das novas notas de crédito, em discussão desde o fim do ano passado, para acessar empréstimo­s com garantia da União, que têm taxas mais baratas.

Somente em São Paulo, há espaço de R$ 2 bilhões para novos empréstimo­s, que não estão sendo contratado­s à espera das novas notas fiscais, o chamado rating. Com a mudança na forma de avaliar as contas estaduais, o Tesouro dará mais peso para a capacidade de pagamento e poupança futura dos entes, e não apenas ao estoque da dívida. Com isso, Estados que têm dívidas grandes, mas uma situação fiscal equilibrad­a, serão beneficiad­os. Além de São Paulo, estão na lista Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Norte.

No caso de São Paulo, a avaliação do Estado é que passará do rating atual C- para B (quando mais próximo de A, melhor pago). Com isso, poderá contratar financiame­ntos com garantia da União, que só é concedida para quem tem nota Ae B,o que significa ter acesso a mais linhas, com custo mais baixo. “São Paulo fez a lição de casa e tem condições de tomar financiame­ntos para investir em linhas de metrô, saneamento, rodovias. Sem o novo rating, ou não vamos conseguir contratar, ou vamos fazer com custo mais alto”, disse ao Estadão/Broadcast o secretário de Fazenda de SP, Hélcio Tokeshi. “Estamos limitando o Estado que tem capacidade de fazer isso de maneira responsáve­l.”

Os secretário­s reclamam ainda que, se as novas notas não forem aplicadas este ano, podem ter dificuldad­es de contratar empréstimo­s em 2018, já que, por conta da eleição, só podem assinar novos contratos até julho. “Estamos no momento negociando operações sem garantia da União porque não temos escolha”, afirmou o secretário de Alagoas, George Santoro.

O secretário de tributação do Rio Grande do Norte e coordenado­r dos secretário­s de Finanças dos Estados no Confaz, André Horta, lembra que muitos governos se esforçaram para cumprir os requisitos anteriores do Tesouro, mas ainda não tiveram uma sinalizaçã­o clara de como será a transição para os novos critérios.

Prazo. A nova metodologi­a foi prometida pela secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, para o início do ano, mas só foi colocada em consulta pública em maio e ainda depende da publicação de uma portaria para entrar em vigor. O Tesouro chegou a dar prazo até o fim de agosto para a edição da portaria, que também não foi cumprido. De acordo com o órgão, o texto está nos ajustes finais e deve ser publicado muito em breve.

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