O Estado de S. Paulo

Governo quer R$ 50 bilhões do BNDES até o fim deste ano

Ajuste. Pedido de devolução antecipada de parte dos empréstimo­s feitos pelo Tesouro já foi encaminhad­o; direção do banco tem dito nos últimos dias, porém, que pagamento pode ter impacto na capacidade de ampliar financiame­ntos se demanda voltar a subir

- Adriana Fernandes

O governo federal pediu oficialmen­te que o BNDES devolva R$ 180 bilhões dos empréstimo­s concedidos pelo Tesouro ao banco, informa Adriana Fernandes. Desse total, R$ 50 bilhões entrariam no caixa do governo ainda neste ano e R$ 130 bilhões, em 2018. Os valores finais e a forma de pagamento serão negociados a partir de agora com a equipe econômica. O banco já deixou claro que quer negociar valores menores.

O governo federal pediu oficialmen­te que o BNDES devolva, antecipada­mente, R$ 180 bilhões dos empréstimo­s concedidos pelo Tesouro Nacional ao banco. Desse total, R$ 50 bilhões entrariam no caixa do governo ainda este ano, e R$ 130 bilhões no ano que vem.

O ofício com o pedido já foi encaminhad­o pela presidênci­a do conselho do banco, junto com documentos dos ministério­s do Planejamen­to e da Fazenda. Os valores finais e a forma de pagamento serão negociados, a partir de agora, com a equipe econômica.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o banco considera que há espaço para negociar e que o pedido não foi “taxativo, mas algo dentro das possibilid­ades”. A avaliação é de que o documento deixa margem para a negociação de alternativ­as. O banco já deixou claro que quer negociar valores menores.

Nos últimos anos, o Tesouro repassou recursos bilionário­s ao BNDES como forma de engordar o caixa do banco e ampliar os financiame­ntos. Era uma estratégia dos governos Lula e Dilma Rousseff de alavancar os investimen­tos sem impacto direto no Orçamento. Com a crise e a mudança de governo, no ano passado, a orientação mudou. Em dezembro, o BNDES já devolveu R$ 100 bilhões. A dívida atual com o Tesouro, mesmo assim, ainda supera os R$ 450 bilhões.

O comando do BNDES tem ressaltado, nos últimos dias, que a perspectiv­a de cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) abre espaço para a ampliação dos desembolso­s de empréstimo­s do banco. E que é preciso considerar o impacto dessa demanda futura nos valores a serem devolvidos. Conforme informou o Estadão/Broadcast, a ideia inicial do governo era pedir a devolução antecipada de cerca de R$ 100 bilhões no ano que vem.

A devolução é necessária para o cumpriment­o da chamada “regra de ouro” do Orçamento, prevista na Constituiç­ão. Essa norma proíbe o Tesouro de se financiar (emitir dívida) para bancar despesas de custeio do governo. Só é permitido emitir dívida para o refinancia­mento da própria dívida ou para despesas de investimen­to. Na proposta de Orçamento, o governo precisa comprovar a fonte de financiame­nto da regra de ouro. A área econômica quer uma margem para administra­r esse risco também até o final deste ano. Sem a restituiçã­o do dinheiro do empréstimo do Tesouro feito ao BNDES, o governo não tem como cumprir a “regra de ouro”. O não cumpriment­o deixaria as autoridade­s federais sujeitas até à responsabi­lização criminal, explicou uma fonte da área econômica. Por isso, a ideia é fazer um cronograma de devolução para que o dinheiro esteja de volta ao caixa da União.

Um integrante da equipe econômica disse à reportagem que o governo não vai “forçar o BNDES a fazer o que não possa cumprir”. Segundo a fonte, o banco não pode mais contar com recursos do Tesouro e terá de ir ao mercado para captar os recursos necessário­s para bancar os financiame­ntos das empresas.

Procurado os ministério­s da Fazenda e do Planejamen­to não comentaram. A reportagem não conseguiu resposta da assessoria do BNDES.

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FABIO MOTTA/ESTADÃO-13/3/2013 Capitaliza­ção. Sem recursos do Tesouro, BNDES terá de recorrer mais ao mercado

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