O Brasil fora dos planos
As declarações do ex-ministro Antonio Palocci diante do magistrado Sergio Moro nos recordam a famosa personagem Porcina, da novela Roque Santeiro: foram sem nunca terem sido. As declarações foram apresentadas como bombásticas sem de fato jamais terem sido e, nos mistérios da longa meia-noite na qual o Brasil ainda vive, o ex-ministro nada de novo revelou, apenas confirmou segredos que vão e que ficam, que vão e que vêm. Já eram conhecidos os laços sanguíneos entre a maior empreiteira do País e o partido então governante, e não eram segredos nucleares as tentativas do expresidente Lula e de seus auxiliares de deter as investigações da Operação Lava Jato, menos ainda eram alheias ao público as vantagens indevidas recebidas por ele e por quase toda a integralidade do partido e do governo. Mas, para não menosprezar completamente o depoimento do ex-ministro – ele mesmo um dos maiores beneficiários do esquema –, deve-se atentar para o fato de que jamais houve, na mente dessas pessoas, um projeto para o Brasil, somente um projeto para si mesmas. Jamais existiu pai dos pobres, “mãe do PAC”, partido vestal, combate à pobreza. Lula, Dilma, Palocci, Odebrecht, o PT e tutti quanti jamais tiveram um projeto ou um sonho para o Brasil, um anseio para a Nação, um sonho para o povo. Eram movidos somente por projetos pessoais. As declarações de Palocci nos lembram de que o Brasil, uma mãe gentil, tem sido vilipendiado pelos filhos deste solo.
LUCIANO DE OLIVEIRA luciano.os@adv.oabsp.org.br
São Paulo