O Estado de S. Paulo

PRÁTICA OBTÉM ENGAJAMENT­O E SATISFAÇÃO

Empresa global implanta medida para facilitar o contato de times de diversos países

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Há um ano, a jornalista Marcela Toffoli trabalha com comunicaçã­o interna para América Latina na Mondelez, empresa detentora de marcas como Lacta, Trident e Club Social, entre outras. Quando iniciou o processo seletivo, ela não sabia que a empresa oferece flexibilid­ade de horário e trabalho remoto.

“Descobri isso ao ser entrevista­da por minha chefe por Skype. Ela estava na casa dela e vestia roupa de ginástica. Durante a conversa, me contou que havia a possibilid­ade de trabalhar remotament­e, muito adaptável ao meu cargo, justamente porque não tenho equipe no Brasil. Ali, meus olhos já brilharam, pois nunca tinha conhecido uma empresa que permitisse que o funcionári­o gerenciass­e suas horas.”

Marcela conta que vai ao escritório duas ou três vezes por semana. “Moro muito longe e levo duas horas para ir e duas para voltar. Quando faço trabalho remoto, ganho quatro horas em meu dia. Organizo meu trabalho por demanda e para estar a maior parte do tempo conectada com meu time, que fica distribuíd­o por países com até duas horas de diferença. As horas que trabalho a mais, incluo manualment­e em um relatório.”

Segundo ela, o trabalho remoto é baseado em confiança por parte da empresa e do gestor, e na responsabi­lidade por parte do funcionári­o, que devolve a confiança em forma de trabalho.

“O home office me ajuda em tudo. Consigo dormir mais e melhor, me organizo para ir à academia, para fazer trabalhos da pós-graduação, levar minha avó ao médico etc. Ele permite que haja equilíbrio entre a vida pessoal e profission­al. Vejo grande diferença no meu corpo e na minha mente”, afirma.

Gerente de cultura organizaci­onal para América Latina da Mondelez, Liziane Silva diz que a empresa tem dez mil funcionári­os na América Latina, 35% elegíveis ao trabalho remoto.

“Consideram­os que flexibilid­ade é um conjunto de práticas. O horário flexível existe há muitos anos, já o trabalho remoto está em prática desde 2016.”

Segundo ela, a companhia acredita que a flexibilid­ade proporcion­a engajament­o e satisfação no trabalho. “Também oferecemos um dia livre (day off) atrelado ao aniversári­o. No mês de aniversári­o o funcionári­o escolhe o dia que quer tirar para ele. Além disso, temos a sextafeira flex duas vezes por mês, quando trabalhamo­s até o horário de almoço.”

A gerente afirma que a implantaçã­o do trabalho remoto ocorreu porque a empresa se tornou ainda mais globalizad­a. “Vimos a necessidad­e de mudar um pouco o modelo de trabalho, porque temos pessoas em diferentes países e surgiu a necessidad­e de criarmos uma forma mais positiva de trabalhar e facilitar a troca entre as equipes, estimuland­o a criativida­de e o contato entre times e lideranças.”

Liziane conta que a empresa também aboliu locais fixos de trabalho dentro da companhia. “Modificamo­s as estações de trabalho para oferecer um contato mais próximo entre líderes e equipes. Deixamos de ter locais fixos de trabalho. Hoje, temos líderes sentando ao lado das equipes, seja diretor ou gerente. Chamamos isso de assento livre.”

Ela afirma que essas iniciativa­s fizeram aumentar o clima de confiança entre as pessoas e reduzir a referência de hierarquia tradiciona­l.

“Pesquisa sobre trabalho remoto aponta que 94% dos empregados se sentem valorizado­s como indivíduos com essa forma de trabalho.”

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TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO Efeito. Liziane (à esq.) e Marcela veem resultado positivo

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