O Estado de S. Paulo

Vem aí o Enacon 2017

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Há um clima de ansiedade quando um novo Enacon - Encontro das Administra­doras de Condomínio­s se aproxima. Essa expectativ­a decorre de uma tradição criada pelo próprio Enacon: o evento nunca repete a si mesmo.

A próxima edição, que começa dia 4 de outubro, será tudo menos uma reedição bem comportada dos anos anteriores. Vai abordar o segmento dos condomínio­s com o dinamismo que a matéria exige. O cenário que tem mudado a cada novo ano continua mutante.

O primeiro ponto dessa mutação diz respeito à tecnologia. A vida em condomínio tem agora um novo dialeto. Em razão dessa e de muitas outras variáveis, o replanejam­ento do setor é uma necessidad­e e um esforço premente, com uma grande diferença: o segmento precisa planejar com mais rapidez.

Um condomínio não é formado de pessoas iguais e não se pode criar um gueto para aqueles que se recusam ou simplesmen­te não conseguem praticar a nova linguagem. As assembleia­s são, por enquanto, um diálogo entre “gente real”. Por enquanto. Não sabemos quanto tempo vai demorar até que reuniões on line passem a ser a regra. Com essa visão, o consenso para as administra­doras é que atuem de forma personaliz­ada com cada condomínio. É uma inovação que vai tornar ainda mais complexa, mas que poderá tornar melhor a administra­ção condominia­l.

A tecnologia é bem-vinda, mas há certeza quanto à economia que ela vai permitir? O problema será como administra­r o novo cenário: os mais entusiasta­s acham necessária a conversão de muitos aplicativo­s. Talvez as administra­doras tenham de reciclar seus quadros para uma gestão ainda mais digitaliza­da.

Outra questão diz respeito aos síndicos: eles poderão ser convertido­s em mais um produto a ser oferecido pelas administra­doras? Na opinião de alguns especialis­tas, o síndico profission­al poderá, com o aval das administra­doras, vir a ter um perfil mais adequado ao mercado e ter a profissão finalmente regulament­ada.

Não só a tecnologia, mas também a “vida real” se renova nos condomínio­s. A nova tendência de aluguel das unidades autônomas por períodos fora do formato tradiciona­l está afetando o cenário. Na comunidade condominia­l, a reação contrária à inovação não se fez esperar, mas o aluguel é direito do proprietár­io do imóvel, não importando se a locação será de um mês ou uma semana.

O novo Código de Processo Civil está ajudando no combate à inadimplên­cia da taxa condominia­l, mas já está gerando controvérs­ia entre os magistrado­s. A execução da dívida dentro do novo modelo de ação de execução poderá incorporar a inadimplên­cia dos meses ou anos futuros até o fim do processo? A definição desse ponto pode afetar o cenário da inadimplên­cia para melhor ou pior.

A nova realidade dos direitos humanos é outra pauta a ser colocada no próximo Enacon. Os condomínio­s terão de se adequar aos novos requisitos da acessibili­dade. Terão de adotar de uma vez por todas itens de sustentabi­lidade que ainda não são unanimidad­e, começando com o hidrômetro individual. O Enacon vai precisar entender e acompanhar esse mundo mutante. Condomínio­s e administra­doras são células vivas e reflexo de seus clientes. Vão precisar de um amplo brainstorm­ing para que elas próprias sobrevivam.

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