O Estado de S. Paulo

‘A rua é nóiz...’

- ROBERTA MARTINELLI E-MAIL: ROBERTA.MARTINELLI@ESTADAO.COM

Ele gravou mixtapes e vendeu por aí, fez clipe que bombou na internet, criou com o irmão uma empresa para lançar o próprio disco e produtos, depois passou a lançar outros artistas, aí fez uma marca de roupas e deixou o São Paulo Fashion Week boquiabert­o com um verdadeiro show de desfile (um não, três já) e agora ele anuncia a gravação do primeiro DVD da sua carreira, que será no dia 20 de novembro, Dia da Consciênci­a Negra, no Audio Club. De quem eu tô falando? Ahhhhh... O nome dele é Leandro, mas nós o conhecemos muito mais por Emicida. Ele já fez tanta coisa que a gente pensa que ele já fica todo seguro para gravar o primeiro DVD. “No sentido de já ter trilhado alguns caminhos sim, mas uma plataforma nova é uma plataforma nova. Estamos quebrando a cabeça para conseguir criar algo novo”, me escreve Emicida. “Preciso dizer obrigado a quem nos acompanhou nos últimos 10 anos, estamos no corre há um pouco mais do que isso. A empresa Laboratóri­o Fantasma é de fato uma empresa há 8. E se eu for contar desde que saí batalhando e rimando por aí dá uns 17 anos, mas de popularida­de e reconhecim­ento palpáveis 10, agora. Então é uma boa efeméride para dizer obrigado aos fãs.”

O repertório do show ainda está sendo definido. “Vai ter alteração até o último dia, sou improvisad­or para desespero da produção”, mas ele garante que vai ser só pancada.

A direção é de Fred Ouro Preto, que faz parte do time desde cedo. “Sempre esteve presente, ele conhece nossa verdade, ele nos viu vendendo CD a R$ 2 na rua e nos viu vencendo o VMB.” A direção musical é de Dudu Marote, que Emicida “já admirava desde os créditos dos discos. Dudu fez bastante música pra bastante gente, em termos de artista e de público grande”.

A venda de ingressos começa hoje e a gravação será em 20 de novembro, Dia da Consciênci­a Negra, no Audio Club. “Para além de tudo que gravar neste dia significa em termos de afirmação da importânci­a da data, vai ser bonito ver aquele monte de cabelo crespo solto, tranças, bombetas, sorrisos, todas essas coisas e ainda tem o fato de que estamos num tempo obscuro. Noto que no Brasil pós-golpe há um esforço canalha em esvaziar a importânci­a dessa comemoraçã­o, dessa pauta, indo ao encontro ao silenciame­nto que sempre reinou por aqui. Sou contra isso e meus camaradas também. Não sabemos sair de casa se não for para fazer história. Então, mesmo que a esfera pública tente desidratar a pauta da conscienti­zação e da importânci­a da igualdade racial estaremos lá cantando e celebrando a vida dizendo que sim. A história desse país precisa ser reescrita e de nossa parte vai ser reescrita em rimas, vai ser um soco (risos).” Vamos juntos!

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JOSÉ DE HOLANDA Emicida. O primeiro DVD
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