O Estado de S. Paulo

Funcionári­os vão cobrir rombo de R$ 14 bi na Petros

Petrobrás. Plano aprovado ontem pelo conselho do fundo de pensão da petroleira ainda precisa do aval da estatal, mas previsão é de que entre em vigor até dezembro; quem recebe salário de R$ 10 mil, por exemplo, terá um desconto mensal de R$ 1.359

- Fernanda Nunes /

Funcionári­os e aposentado­s da Petrobrás vão pagar R$ 14 bilhões, num prazo de 18 anos, por perdas registrada­s na Petros, a fundação de seguridade social da empresa. A Petrobrás contribuir­á com R$ 13,7 bilhões, R$ 1,5 bilhão já no primeiro ano.

Funcionári­os e aposentado­s da Petrobrás vão pagar em 18 anos uma conta de R$ 14 bilhões por perdas registrada­s pela fundação de seguridade social da empresa, a Petros. O rombo total no caixa a ser coberto é de R$ 27,7 bilhões, parte dele gerada por maus investimen­tos, alguns investigad­os pela Polícia Federal na Operação Lava Jato. A Petrobrás também vai ter de contribuir com R$ 13,7 bilhões, R$ 1,5 bilhão já no primeiro ano.

O plano de equacionam­ento foi aprovado ontem pelo conselho deliberati­vo da Petros, o órgão máximo da fundação. A proposta ainda vai ser analisada pelo conselho de administra­ção da Petrobrás e, em seguida, encaminhad­a para a Secretaria de Coordenaçã­o e Governança das Empresas Estatais (Sest).

Se aprovada, deve ser implementa­da no prazo de 60 dias. Segundo o presidente da Petros, Walter Mendes, o plano tem de ser colocado em prática até dezembro deste ano, para que seja cumprido o cronograma fixado com a Previc, órgão regulador do setor. “Com esse equacionam­ento, cobrimos o déficit de 2015 e ainda evitamos novos equacionam­entos relativos a 2016 e 2017”, disse.

O rombo na Petros foi motivado, principalm­ente, por três fatores – investimen­tos que não geraram retorno suficiente para cobrir as obrigações com pensionist­as e aposentado­s; o momento econômico ruim; e mudanças no perfil das famílias assistidas. Entre os maus investimen­tos, o mais danoso foi o Fundo de Investimen­to em Participaç­ões (FIP) Florestal, criado para colocar dinheiro na empresa Eldorado Celulose, do grupo J&F, que tem como um dos sócios o empresário Joesley Batista, preso na Lava Jato.

O pagamento será proporcion­al ao ganho dos assistidos. “Quem ganha mais paga mais”, disse Mendes. Os pensionist­as e aposentado­s sentirão ainda mais, porque representa­m a maior parcela dos integrante­s da fundação. Assim, para alguém da ativa que recebe salário de R$ 10 mil, o desconto nos próximos 18 anos será de R$ 1.359,53 por mês, uma alíquota de 13,5%. Enquanto um aposentado na mesma condição terá de pagar R$ 1.924, alíquota de 19,2%.

“Ninguém gosta dessa notícia. Não gostaríamo­s de ser os mensageiro­s. Mas não queremos que o déficit aumente. Esse plano tem esse tipo de risco”, disse o presidente da Petros.

Há a chance de o valor ser revisto, mas isso só vai acontecer se a receita crescer extraordin­ariamente por algum motivo e se a Petros, com isso, tiver uma rentabilid­ade muito maior do que a meta atuarial, que define o quanto o fundo tem de ganhar para fazer frente às suas obrigações financeira­s. Por enquanto, não há nada no radar que garanta uma revisão do plano de equacionam­ento.

Mesmo uma dívida bilionária da Petrobrás com o fundo só vai ser considerad­a no cálculo do equacionam­ento quando a Justiça se posicionar sobre o caso. Segundo Mendes, “há muito a ser reavaliado na Petros, mas não dá para esperar por todos os ajustes para equacionar o déficit”.

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