O Estado de S. Paulo

Governo quer cortar um terço das estatais

Número deve cair de 154 para 100 ao final do processo de privatizaç­ão; em um ano, empresas foram de prejuízo de R$ 32 bi a lucro de R$ 4,6 bi

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli /

A nova rodada de privatizaç­ão das estatais federais vai reduzir em um terço o número de companhias do governo, nos cálculos do secretário de Coordenaçã­o e Governança das Empresas Estatais do Ministério do Planejamen­to, Fernando Ribeiro Soares. O número de empresas já caiu este ano de 154 para 150 e deve diminuir para cerca de 100 ao final do processo de privatizaç­ões das empresas anunciado recentemen­te.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Soares disse que o enxugament­o visa a tornar os grupos empresaria­is estatais “mais leves” garantindo mais retorno ao governo federal. “É uma maldade dizerem que buscamos com as privatizaç­ões só o resultado fiscal. Queremos promover a racionalid­ade”, disse o secretário.

Só a venda da Eletrobrás será responsáve­l por diminuir em 38 a quantidade de estatais federais. A operação incluirá a holding e todas as suas subsidiári­as, com exceção da Eletronucl­ear, que opera as usinas de Angra dos Reis. O governo também trabalha para se desfazer das Sociedades de Propósito Específico (SPEs), empresas formadas pela Eletrobrás em parceria com outras companhias e que têm um objetivo definido.

Antes mesmo de colocar em prática esse enxugament­o mais drástico, o governo adotou medidas para melhorar os resultados das estatais. O conjunto de empresas federais saiu de um prejuízo de R$ 32 bilhões, no resultado global em 2015, para um lucro de R$ 4,6 bilhões em 2016. O desempenho, que incluiu 154 empresas, só foi fechado ontem pelo Ministério do Planejamen­to e divulgado com exclusivid­ade ao Estadão/Broadcast.

Para o secretário, em 2017 o desempenho será ainda melhor, também por causa das duas maiores companhias estatais. “O resultado de R$ 4,6 bilhões para 2017 é piso. Vamos melhorar mais ainda”, garantiu. “A tendência é que os resultados das Eletrobrás e Petrobrás venham a melhorar por tudo que está sendo feito.”

Desinvesti­mento. No caso da Petrobrás, o secretário citou a política de desinvesti­mentos, centrada na venda de empresas que não atuam na área prioritári­a de exploração, produção e refino de petróleo. Para ele, a melhora do resultado das estatais é muito relevante para as contas do governo por três razões: evita a necessidad­e de aportes com recursos do Orçamento com impacto nos gastos primários; melhora o repasse de dividendos, e barra o risco de que empresas hoje não dependente­s se tornem no futuro dependente­s do Tesouro Nacional.

Pelo menos duas estatais correm o risco de passar a depender do Tesouro: Infraero e Correios. “Infraero está no radar, estamos preocupado­s”, disse o secretário, ressaltand­o a importânci­a do trabalho de reformulaç­ão que está sendo feito nas duas empresas. No caso da estatal aeroportuá­ria, o governo já precisou incluir no Orçamento desse ano a previsão de aporte de R$ 1,5 bilhão para reforçar o caixa da empresa.

O secretário ponderou que o processo de privatizaç­ão “não é 8 ou 80” e ressaltou que há muitas possibilid­ades para melhorar a eficiência das estatais, como fusões, extinções e parcerias. No caso de fusão, ele citou a incorporaç­ão da BB Cor Participaç­ões pela BB Corretora e da Telebrás Copa pela holding Telebrás. No caso de extinção, está em andamento o fechamento da BNDES PLC, subsidiári­a do banco com sede em Londres.

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PILAR OLIVARES/REUTERS - 20/1/2014 Corte de luz. Venda da Eletrobrás reduzirá estatais em 38

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