Miller pede depoimento de Janot em investigação
Ex-procurador critica procurador-geral e alega que solicitação de prisão contra ele já estaria pronta antes de terminar de falar ao MPF na sexta-feira
O ex-procurador da República Marcello Miller pediu ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determine a tomada de depoimento do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e de outros integrantes do Ministério Público Federal, para esclarecimento sobre as suspeitas que lhe foram lançadas a partir do áudio da conversa entre os delatores do Grupo J&F Joesley Batista e Ricardo Saud. Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República pediu a prisão de Miller.
O ex-procurador, que faz diversas críticas a Janot na manifestação, também coloca à disposição do STF o sigilo bancário e o sigilo fiscal e se diz pronto para prestar novo depoimento se necessário.
Além do procurador-geral, Miller pede que sejam ouvidos o chefe de gabinete de Janot, Eduardo Pelella, o procurador da República Fernando Alencar e o promotor Sergio Bruno Cabral Fernandes, integrante do Grupo de Trabalho da Lava Jato na PGR. A finalidade dos depoimentos, segundo o ex-procurador, é esclarecer “se, em algum momento, o requerente (Miller) lhe solicitou que intercedesse de qualquer forma em favor da empresa J&F Investimentos S. A.”. Um quinto nome é o do ex-assessor do próprio Miller, Marcos Gouveia, para que informe se ele pediu o acesso a dados das empresas do grupo J&F ou de operações das quais elas poderiam ser alvo.
Pronto. A principal crítica de Miller a Janot é a de que o pedido de prisão apresentado contra ele já estaria pronto antes mesmo de o ex-procurador terminar de prestar depoimento no Rio, na sexta-feira, o que seria “açodamento e precipitação”.
Miller afirma que “o direito constitucional ao contraditório e ampla defesa (...) vem sendo gravemente prejudicado em razão do modo açodado de agir do parquet (MPF) neste caso”. E diz que Janot, “embora não confira credibilidade alguma a parte significativa do conteúdo do áudio, curiosa e contraditoriamente o considera idôneo o suficiente para atribuir ao requerente a prática dos crimes de exploração de prestígio, obstrução de investigações e pertinência a organização criminosa, bem como para justificar um pedido de prisão”.
A alegação da PGR ao pedir a prisão de Miller é a de que ele teria cometido crimes de participação em organização criminosa, exploração de prestígio e obstrução a investigações. O ex-procurador nega todos eles.