O Estado de S. Paulo

Caracas e MUD recebem convite de diálogo

Proposta é feita por governo dominicano e ex-premiê espanhol; Maduro aceita negociar e oposição faz exigências

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O governo da República Dominicana e o ex-premiê espanhol José Luis Rodríguez Zapatero convidaram ontem o presidente Nicolás Maduro e a oposição venezuelan­a a iniciar um diálogo para resolver a crise política.

Maduro anunciou, após uma reunião de gabinete, que aceitava o diálogo com a oposição. A aliança opositora Mesa de Unidade Democrátic­a (MUD) disse em um comunicado que enviou uma delegação com suas precondiçõ­es a Santo Domingo, mas o convite não representa o início de um diálogo formal. A MUD exige um cronograma eleitoral completo, a libertação de presos políticos, a atenção imediata à crise econômica e social no país e o respeito à independên­cia de poderes do Estado, por consequênc­ia, o reconhecim­ento pleno das competênci­as constituci­onais da Assembleia Nacional, eleita pelo povo.

O convite veio à tona após o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, afirmar em um comunicado que os dois lados manteriam conversaçõ­es hoje em Santo Domingo.

“Estou feliz em saber que o diálogo com a oposição será realizado na República Dominicana, com o apoio do presidente dominicano, Danilo Medina, e o ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero”, declarou Le Drian após um encontro em Paris com o chanceler venezuelan­o, Jorge Arreaza.

Le Drian disse ontem que Caracas arrisca sofrer sanções da União Europeia se não se engajar nas negociaçõe­s. Em nota, o chanceler dominicano, Miguel Vargas, e Zapatero se declararam convencido­s da “necessidad­e urgente” de propiciar um entendimen­to e disseram que “há uma oportunida­de para um processo de encontro, reconhecim­ento mútuo e reconcilia­ção”.

Zapatero e os ex-presidente­s Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá), juntamente com o Vaticano, impulsiona­ram o diálogo na Venezuela no final de 2016, mas as conversaçõ­es fracassara­m em meio a acusações mútuas de não cumpriment­o de acordos.

Desde então, as tensões se agravaram com uma onda de protestos contra o governo, que deixou 125 mortos entre abril e julho, e a instalação de uma Assembleia Constituin­te formada por chavistas./

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